A três anos da realização da Copa do Mundo de futebol no Brasil, nem metade das 12 capitais que vão receber as partidas do mundial começaram as obras prometidas em mobilidade urbana e aeroportos.
Na área de estradas e transporte público, apenas quatro das 12 cidades já tiraram os projetos do papel. E as melhorias nos aeroportos estão ocorrendo em cinco dos 13 terminais envolvidos com o evento.
O balanço foi apresentado pelo representante do Ministério do Esporte, Ricardo Gomyde, que participou nesta terça-feira do Fórum Legislativo das Cidades-Sede da Copa 2014, em Brasília.
“As cidades foram escolhidas apenas em maio de 2009. Já faz dois anos, mas não é tanto tempo assim para poder tramitar projetos, os procedimentos licitatórios, as tomadas de financiamento, então uma burocracia a ser encaminhada. Mas já há obras acontecendo em algumas cidades e nas outras as engenharias financeiras já estão montadas e a gente tem garantia até em função do novo regime de contratação, regime diferenciado, que foi aprovado na Câmara e agora está no Senado, que tudo vai acontecer a contento e a gente vai ter tudo isso pronto, algumas já para a Copa das Confederações (em 2013), todas para o mundial de 2014.”
O presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, deputado Jonas Donizette, do PSB paulista, concorda que o RDC, Regime Diferenciado de Contratações, se virar lei, pode acelerar as obras da Copa porque o governo só vai ter o trabalho de verificar, no final, se a qualidade, o prazo e o preço foram cumpridos pela empresa contratada:
“Em vez de ser o poder público que vai ficar preocupado se vai gastar mais ou gastar menos, a responsabilidade fica com quem foi contratado para fazer a obra.”
Para o deputado e ex-jogador de futebol Romário, do PSB do Rio de Janeiro, o ritmo das obras para o mundial está devagar, mas os governos vão dar um jeito de deixar tudo pronto a tempo.
A preocupação, segundo ele, é se realmente vai ficar algo para melhorar a vida dos brasileiros, em especial nas áreas de mobilidade urbana, educação e saúde.
“Se não mudarem algumas coisas que estão sendo feitas, a Copa do Mundo não vai ser aquilo tudo que nós todos brasileiros esperávamos. Que vai ter, vai. Mas muitas coisas vão ser, infelizmente, maquiadas.”
O balanço do Ministério dos Esportes mostrou também que das obras de infraestrutura prometidas para a Copa, os estádios estão mais adiantados: as 12 arenas já estão com as obras encaminhadas, com exceção das de Natal e São Paulo, que ainda resolvem etapas burocráticas.
Nesta terça-feira, deputados, senadores e autoridades do governo federal e do Distrito Federal visitaram o aeroporto internacional de Brasília e as obras do futuro Estádio Nacional da capital federal, que estão com um terço do cronograma cumprido.
Os parlamentares presentes na vistoria aprovaram o andamento da construção. Segundo o presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, é fundamental que os deputados acompanhem a preparação para a Copa:
“Eu acho que é importante o Legislativo estar presente, fiscalizar, porque qual é o sentimento que nós temos hoje na população que a Copa do Mundo é uma coisa boa para o país, mas a gent enão pode deixar as coisas correrem soltas. Nós temos que verificar a questão orçamentária, quanto que vai gastar, o que vai ser feito, o que vai ficar para a população.”
Até o final do ano, o Fórum Legislativo das Cidades-Sede da Copa 2014 vai percorrer todas as 12 capitais que receberão o mundial de futebol daqui a três anos. Brasília foi a sexta a realizar o debate, que ainda vai ocorrer em Cuiabá, Natal, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
No final, segundo o deputado Jonas Donizette, será feito um relatório com diagnóstico e recomendações a ser entregue ao Governo Federal e ao Tribunal de Contas da União. O Fórum é uma iniciativa das comissões de Turismo e Desporto da Câmara e de Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado.