Andrei Rodrigues defende autonomia da Polícia Federal e repudia tentativa de intimidação por parte do deputado Bolsonaro
Foto José Cruz/Agência Brasil
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, rebateu nesta segunda-feira (21) as ameaças feitas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a agentes da corporação. O parlamentar tem elevado o tom contra a PF em meio ao avanço de investigações que envolvem seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e ele próprio.
As declarações de Eduardo Bolsonaro foram vistas por setores da segurança pública como uma tentativa explícita de intimidação às autoridades responsáveis pelas apurações que atingem o núcleo duro do bolsonarismo. Além de já ter atacado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado agora direciona sua retórica contra os investigadores federais, em um movimento que acirra ainda mais o clima político-institucional no país.
A reação de Andrei Rodrigues veio em defesa da corporação e de sua autonomia. “A Polícia Federal atua com base na Constituição, na legalidade e na independência funcional. Nenhum agente público será intimidado por ameaças, venham de onde vierem”, afirmou o diretor-geral, em nota enviada à imprensa.
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Eduardo Bolsonaro tem sido apontado como figura central nas recentes tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. Reportagens internacionais sugerem que sua atuação — incluindo articulações junto a aliados de Donald Trump — contribuiu para medidas de retaliação econômica contra o Brasil, como a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras e a revogação de vistos de ministros do STF.
As ameaças contra agentes da PF ocorrem em um momento sensível, com o avanço das investigações que miram suspeitas de tentativa de golpe de Estado, articulações antidemocráticas e uso ilegal de estruturas do governo durante o mandato de Jair Bolsonaro.
O Ministério da Justiça acompanha o caso, e interlocutores do Planalto consideram que os ataques de Eduardo fazem parte de uma estratégia de radicalização discursiva para mobilizar a base bolsonarista, diante da iminente responsabilização judicial de figuras centrais do ex-governo.
A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) também se manifestou em defesa dos agentes. Em nota, a entidade repudiou “qualquer tentativa de coação institucional” e destacou que os profissionais da PF “seguirão cumprindo seu dever com isenção, mesmo diante de pressões políticas ou ameaças”.