Ministro da Fazenda reafirma disposição para negociar, apesar das sanções unilaterais motivadas por apoio a Bolsonaro
Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (21) que o Brasil não sairá “da mesa de negociação” com os Estados Unidos, mesmo após a imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados ao mercado norte-americano. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, deve entrar em vigor em 1º de agosto e é vista como uma retaliação política em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A nova rodada de tarifas comerciais anunciada pelo governo norte-americano representa um dos maiores embates econômicos entre os dois países em anos. Trump alegou “abusos e injustiças” cometidos pelo Judiciário brasileiro contra Bolsonaro, que é investigado por suposta tentativa de golpe de Estado, como justificativa para a medida.
Apesar da gravidade da situação, o governo brasileiro opta por manter os canais diplomáticos abertos. Em entrevista a jornalistas, Haddad reforçou o compromisso com o diálogo:
“Vamos insistir no caminho da diplomacia. Não nos retiraremos da mesa de negociação. Nosso papel é defender os interesses do Brasil com responsabilidade e equilíbrio”, declarou o ministro.
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Nos bastidores, o Itamaraty avalia que a motivação explicitamente política das tarifas pode configurar violação das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), e não descarta a possibilidade de acionar instâncias internacionais, caso as conversas com Washington não avancem.
O impacto das tarifas sobre a economia brasileira ainda está sendo calculado, mas setores como agronegócio, siderurgia, calçados e manufaturados devem ser duramente atingidos, já que os Estados Unidos são um dos principais destinos das exportações nacionais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participa de uma cúpula sobre democracia no Chile, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o tarifaço, mas interlocutores do Planalto afirmam que ele está em contato com assessores da área econômica e do Itamaraty para avaliar uma resposta coordenada.
A decisão de Trump gerou reações duras dentro do Congresso brasileiro, inclusive de parlamentares da oposição, que consideraram a medida uma ingerência externa inaceitável nas instituições nacionais.
Mesmo com o cenário adverso, Haddad mantém a postura cautelosa:
“É um momento delicado, mas o Brasil tem maturidade para lidar com tensões diplomáticas. Não responderemos com retaliações precipitadas, e sim com estratégia e firmeza”, disse.