Ministro da Fazenda afirma que governo prepara plano de contingência para setores mais afetados pela tarifa de 50% imposta por Trump sobre exportações brasileiras
Foto Joedson Alves/Agencia Brasil
Em entrevista à Rádio CBN nesta segunda-feira (21), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo brasileiro continuará tentando negociar com os Estados Unidos para reverter o tarifaço anunciado por Donald Trump, mas reconheceu que a cobrança de 50% sobre as exportações brasileiras pode entrar em vigor já a partir de 1º de agosto.
Segundo Haddad, embora a diplomacia brasileira mantenha os canais de diálogo abertos com o governo norte-americano, as chances de que a tarifa seja de fato aplicada seguem no radar do Palácio do Planalto. “O Brasil não vai deixar a mesa de negociação, mas temos que ser realistas quanto aos riscos que corremos”, afirmou o ministro à emissora.
A medida anunciada por Trump prevê uma tarifa generalizada de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA, atingindo setores como tecnologia, aço, agronegócio, calçados e têxteis. O impacto direto na balança comercial brasileira pode ser significativo, e o governo federal já discute formas de amenizar os efeitos.
“Estamos trabalhando em planos de contingência para proteger os setores mais vulneráveis”, disse Haddad, sem entrar em detalhes. Entre as medidas em estudo estão linhas de crédito emergenciais, compensações fiscais e incentivos à exportação para novos mercados.
A tensão comercial se intensificou após a revelação de que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo seu filho Eduardo Bolsonaro, teriam atuado junto ao governo Trump para acelerar a adoção de medidas retaliatórias contra o Brasil. A Advocacia-Geral da União solicitou ao STF investigação sobre o possível uso de informações privilegiadas — insider trading — por aliados do deputado, com a finalidade de lucrar ou manipular o mercado antes do anúncio oficial das tarifas.
Paralelamente, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, vem liderando uma força-tarefa para dialogar com representantes da indústria e das big techs, a fim de mapear os prejuízos potenciais e preparar uma reação coordenada.
Apesar do cenário adverso, o governo reafirma sua disposição em resolver o impasse por vias diplomáticas e comerciais. “Estamos fazendo a nossa parte com responsabilidade e firmeza”, concluiu Haddad.