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sexta-feira, outubro 31, 2025
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Lula aciona ministros para reagir a “guerra de fake news” sobre massacre no Rio: Planalto vê manipulação bolsonarista para culpar governo federal

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Presidente cobra ofensiva coordenada nas redes sociais para esclarecer que o governo federal não teve participação na operação policial que deixou mais de 120 mortos no Rio. Estratégia mira em Cláudio Castro e governadores aliados de Bolsonaro, acusados de usar a tragédia como palanque político

Por Sandra Venancio


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou que seus ministros e principais articuladores políticos entrem em campo para rebater, ponto a ponto, as tentativas da direita de associar o Palácio do Planalto à operação policial que resultou em mais de 120 mortes no Rio de Janeiro nesta semana. Segundo apuração da Fórum, o governo federal considera que há uma campanha coordenada por aliados de Jair Bolsonaro para jogar sobre Lula a responsabilidade pela chacina — uma operação que, pela Constituição, é de competência exclusiva do Estado do Rio de Janeiro.

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Em reuniões reservadas realizadas no Palácio do Planalto, Lula deixou claro que a narrativa precisa ser desmontada “de forma didática e incisiva”, especialmente nas redes sociais, onde a desinformação se espalhou rapidamente. A ordem presidencial foi direta: “É preciso falar com o povo, explicar o que é verdade e o que é manipulação”, relatou um auxiliar presente no encontro.

Assessores presidenciais acreditam que a extrema direita busca “surfar no sangue dos mortos” para consolidar uma narrativa de eficiência policial e atacar o governo. Foto Ricardo Stuckert/PR

Segundo o Planalto, nunca houve solicitação formal do governo fluminense para apoio federal na operação. “Não houve pedido, não houve colaboração, portanto, não houve omissão”, afirmou uma fonte do Ministério da Justiça. O que existiu, de acordo com a PF, foi apenas um contato informal da inteligência da PM do Rio com a superintendência da Polícia Federal no estado, sem qualquer comunicação institucional com Brasília.

O presidente teria ficado insatisfeito com o tom “excessivamente protocolar” adotado pelo ministro Ricardo Lewandowski, responsável pela comunicação oficial da crise. Lula desejava uma resposta mais política, capaz de enfrentar a retórica agressiva dos governadores Cláudio Castro (PL), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil) — apontados pelo Planalto como articuladores de uma ofensiva coordenada para desgastar o governo federal e criar capital político para 2026.

Conflito interno e comunicação em disputa

Durante a coletiva de imprensa após a reunião do gabinete, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, mencionou o contato informal entre corporações, o que levou Lewandowski a interrompê-lo diante das câmeras — gesto que causou desconforto interno. Lula, segundo interlocutores, não quer mais ruídos públicos e determinou que as próximas manifestações sejam “integradas, firmes e pedagógicas”.

A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) já prepara uma ofensiva digital: vídeos curtos, infográficos, transmissões ao vivo e postagens diárias com ministros e parlamentares aliados. A meta é disputar espaço nas plataformas com a direita bolsonarista, que domina parte das conversas sobre segurança pública.

Um levantamento interno do PT mostra que 45% dos comentários nas redes aprovam a operação policial, enquanto no próprio estado do Rio predomina a rejeição à ação e às mais de 120 mortes registradas — entre elas, civis e moradores de áreas periféricas.

Narrativa e disputa eleitoral antecipada

No Planalto, a avaliação é de que a tragédia no Rio foi transformada em um palco de guerra simbólica: de um lado, o discurso de “vitória contra o crime” usado por Cláudio Castro e seus aliados; de outro, a tentativa de associar o governo Lula a uma suposta inação diante da violência.

Assessores presidenciais acreditam que a extrema direita busca “surfar no sangue dos mortos” para consolidar uma narrativa de eficiência policial e atacar o PT — movimento que antecipa o tom da disputa eleitoral de 2026. “Eles querem que Lula apareça como cúmplice do caos, quando, na verdade, é a ausência de gestão estadual que levou o Rio a esse cenário”, resume um ministro envolvido na articulação.

Operação no Rio de Janeiro
A operação no Rio de Janeiro se transformou em mais que um episódio de segurança pública — virou um embate político e comunicacional. Com a extrema direita mobilizando as redes e o Planalto reagindo tardiamente, Lula tenta agora retomar o controle da narrativa e expor o que chama de “manipulação calculada” de governadores oposicionistas. A disputa, antes de ser sobre responsabilidades policiais, tornou-se um teste de força entre dois projetos de poder — um que opera nas instituições, e outro que atua nas sombras das redes sociais.

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