
Vice-presidente busca fortalecer parcerias em energia, saúde, defesa e tecnologia; visita prepara terreno para ida de Lula em 2026
Por Sandra Venancio
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, iniciou nesta quarta-feira (15) uma missão oficial à Índia com o objetivo de expandir o comércio, atrair investimentos e gerar empregos nos dois países. A visita, que se estende até sexta-feira (17), ocorre em Nova Délhi e marca mais um passo no fortalecimento da Parceria Estratégica Brasil–Índia, criada em 2006.
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“Vou à Índia com espírito de abrir mercados e aumentar o comércio. Podemos ter muita complementaridade econômica e investimentos recíprocos”, afirmou Alckmin antes do embarque, destacando que a viagem também prepara a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevista para fevereiro de 2026.
Crescimento das trocas comerciais
O otimismo do governo brasileiro é sustentado por números positivos. Entre janeiro e maio de 2025, as exportações brasileiras para a Índia cresceram 14,8%, alcançando US$ 2,39 bilhões, enquanto as importações aumentaram 31,8%. Em 2024, o comércio bilateral somou US$ 12 bilhões, consolidando o país asiático como o 10º maior parceiro comercial do Brasil.
Os principais produtos brasileiros exportados são açúcares, melaço, petróleo bruto, gorduras vegetais e algodão, enquanto o Brasil importa compostos químicos, derivados de petróleo, inseticidas e medicamentos.
Missão público-privada e novos acordos
A comitiva liderada por Alckmin inclui os ministros Alexandre Padilha (Saúde) e José Múcio Monteiro (Defesa), além de representantes da ApexBrasil, Petrobras, Fiocruz, Anvisa e Agência Espacial Brasileira. Empresários dos setores de agronegócio, energia, tecnologia, saúde, construção e moda também participam da viagem.
Durante a missão, o vice-presidente participará do Diálogo Empresarial Brasil–Índia, coordenado pelo Itamaraty e pela ApexBrasil, com apoio da CNI e da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia (FICCI). O evento marcará a assinatura de um Memorando de Entendimento entre a CNI e a FICCI, criando o Fórum Empresarial de Líderes Brasil–Índia, espaço permanente de diálogo entre o setor privado dos dois países.
“É uma missão de trabalho para abrir comércio, investimentos e gerar emprego em ambos os países. O Brasil está de portas abertas para fazer mais, melhor e mais rápido com a Índia”, afirmou Alckmin.
Eixos estratégicos e ampliação do acordo Mercosul–Índia
A missão prioriza cinco eixos estratégicos de cooperação, definidos por Lula e pelo primeiro-ministro Narendra Modi:
- Defesa e segurança;
- Segurança alimentar e nutricional;
- Transição energética e mudança do clima;
- Transformação digital e tecnologias emergentes;
- Parcerias industriais em áreas estratégicas.
Um dos principais pontos da agenda é a ampliação do Acordo de Comércio Preferencial Mercosul–Índia, que hoje cobre apenas cerca de 450 linhas tarifárias. A CAMEX já aprovou a abertura das negociações para ampliar o número de produtos com tarifas reduzidas.
“Brasil e Índia têm ingredientes essenciais para a transição energética: tecnologia, escala e inclusão. Podemos crescer juntos e de forma sustentável”, declarou o vice-presidente.
Setores prioritários de cooperação
Entre as áreas de destaque da missão estão:
- Saúde: fortalecimento da parceria com a indústria farmacêutica indiana para produção de genéricos e insumos, reduzindo custos e ampliando o acesso no SUS;
- Energia e biocombustíveis: cooperação para desenvolvimento do combustível sustentável de aviação (SAF) e ampliação da mistura de etanol na gasolina;
- Defesa e indústria aeronáutica: a Embraer inaugura escritório regional em Nova Délhi, abrindo espaço para novas parcerias tecnológicas;
- Agroindústria: expansão das exportações de proteínas e produtos agroindustriais brasileiros;
- Transformação digital: intercâmbio em infraestrutura pública digital e data centers, inspirada no modelo tecnológico indiano.
Parceria consolidada
Em 2025, Brasil e Índia completam 76 anos de relações diplomáticas, marcadas por cooperação ativa em fóruns como BRICS, G20 e IBAS. Na visita de Estado de Modi ao Brasil, em julho, os dois líderes definiram a meta de elevar o comércio bilateral para US$ 20 bilhões até 2030.
Com a nova missão, o governo brasileiro busca transformar o relacionamento político e comercial com a Índia em parcerias industriais, tecnológicas e energéticas de longo prazo, consolidando o papel do Brasil como protagonista do Sul Global.


