Nova estação entra em vigor dia 20 deste mês. Entrevista com o chefe de Pediatria da Santa Casa de Piracicaba, Marcelo Carvalho, revela os impactos da estação nas crianças
A estação do outono, que começa a vigorar no dia 20 de março no hemisfério sul, traz alterações climáticas que podem afetar a saúde infantil. Segundo Marcelo Carvalho, chefe de Pediatria da Santa Casa de Piracicaba, a queda nas temperaturas e a maior amplitude térmica entre dias e noites favorecem infecções respiratórias. “A diminuição da umidade do ar resseca as mucosas respiratórias, reduzindo uma importante barreira de defesa natural do organismo das crianças”, explica.
Durante essa estação, há um aumento nas infecções virais do trato respiratório, incluindo rinovírus e vírus sincicial respiratório (VSR). “Observamos também um aumento considerável de bronquiolite em bebês e exacerbações de asma”, afirma Carvalho. As mudanças de temperatura e umidade afetam diretamente o sistema imunológico das crianças, tornando-as mais suscetíveis a doenças.
O médico destaca que a bronquiolite, causada principalmente pelo VSR, é uma das condições que mais se elevam no outono. “Além disso, há um aumento nas crises asmáticas e nas manifestações alérgicas relacionadas a polens e fungos”, acrescenta. A diferenciação entre resfriados e alergias é essencial. Enquanto o resfriado apresenta sintomas como obstrução nasal e febre, as alergias tendem a ser persistentes e sem febre, explica o especialista.
Para proteger as crianças, o pediatra recomenda algumas medidas preventivas. “Manter a hidratação, umidificar ambientes e evitar aglomerações são fundamentais”, orienta.
A vacinação contra a gripe é fortemente recomendada no início do outono, segundo Carvalho, pois reduz o risco de doenças graves. “A vacina protege contra as cepas circulantes mais prováveis da temporada, reduzindo o risco de casos graves, hospitalizações e complicações como pneumonia e otite média aguda. A vacina também diminui a circulação viral na comunidade, protegendo indiretamente bebês menores de 6 meses e pessoas com contraindicações à vacinação. Além da influenza, é importante manter o calendário vacinal completo, incluindo as vacinas pneumocócicas que previnem importantes infecções bacterianas que frequentemente se instalam como complicações de quadros virais iniciais”, alerta o médico.
A alimentação também desempenha um papel importante na saúde infantil. “Frutas cítricas ricas em vitamina C e alimentos ricos em zinco são essenciais para fortalecer o sistema imunológico”, afirma o pediatra. Além disso, práticas de higiene, como a lavagem frequente das mãos e a boa ventilação dos ambientes, são fundamentais para reduzir a propagação de doenças.
Marcelo Carvalho enfatiza que medidas simples, se implementadas de forma consistente, podem fazer uma grande diferença na saúde das crianças durante o outono.
