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quarta-feira, novembro 26, 2025
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Senador Ciro Nogueira e políticos como Antonio Rueda e Ibaneis Rocha abriram portas de compra do Banco Master pelo BRB

Data:

Operação da Polícia Federal desmonta esquema de fraude de R$ 12 bilhões

Por Sandra Venancio

Documentos e relatos obtidos pela reportagem mostram que a aproximação entre o BRB e o Banco Master não ocorreu por critérios exclusivamente técnicos. Dirigentes do União Brasil e do PP —partidos fundamentais para a coalizão do governador Ibaneis Rocha— atuaram para abrir portas, impulsionar uma oferta de compra e destravar operações financeiras agora investigadas pela PF como parte de um esquema de fraude bilionária.

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relação entre o Banco de Brasília (BRB) e o Banco Master ganhou força no fim de 2024, quando Daniel Vorcaro buscava um comprador para sua instituição. Segundo interlocutores políticos e fontes no setor financeiro, dois nomes foram determinantes para essa aproximação: Antônio Rueda, presidente do União Brasil, e Ciro Nogueira, senador e dirigente do PP.

Articulação envolvendo Ciro Nogueira, Antônio Rueda e aliados de Ibaneis Rocha impulsionou tentativa de compra do Master pelo BRB, além de operação de R$ 12 bilhões sob suspeita na PF. Foto Marcelo Camargo/Agencia Brasil

Ambos integram o núcleo político que sustenta o governo de Ibaneis Rocha (MDB) no Distrito Federal — administração que controla o BRB e que, em 2026, deverá disputar simultaneamente uma vaga ao Senado (Ibaneis) e a sucessão no governo local, com a vice Celina Leão (PP) como candidata natural.

https://twitter.com/cortezpsol/status/1990840346872275179?s=20

A influência dos dois caciques partidários teria pavimentado a interlocução entre Vorcaro e o comando do BRB, que avaliou uma oferta de compra do Banco Master. O negócio foi posteriormente barrado pelo Banco Central, que apontou inconsistências e riscos sistêmicos diante da deterioração das demonstrações financeiras do Master.]

Além da proposta malsucedida, outra operação reforçou o vínculo entre os dois bancos: o BRB repassou R$ 12 bilhões ao Master no início de 2025, movimento que levou à prisão de Vorcaro e de diretores da instituição na Operação Zero Compliance da Polícia Federal. Investigadores afirmam que a operação foi lastreada em carteiras de crédito falsificadas, configurando gestão fraudulenta e temerária — e que o repasse teria tido como objetivo sustentar artificialmente o caixa do Master.

A gênese política dessa aproximação remonta a 2023, quando Flávia Peres —ex-mulher de José Roberto Arruda e ex-secretária no governo Bolsonaro— atuou como ponte entre o senador Ciro Nogueira e Daniel Vorcaro. Flávia, hoje casada com Augusto Lima, sócio do Master, teria apresentado o banqueiro a figuras do núcleo político do DF durante eventos em Brasília.

https://twitter.com/ThiagoResiste/status/1990813354412147022?s=20

Vorcaro passou a circular com frequência nesse ambiente. Em uma festa após a eleição, ele foi visto em um grupo restrito de autoridades na capital. Poucas semanas depois, o Master patrocinou um camarote exclusivo no Carnaval do Rio, reunindo Ciro Nogueira, Antônio Rueda, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e outros parlamentares.

Essa relação política extrapolou o campo da sociabilidade. Em agosto de 2024, Ciro Nogueira tentou incluir em uma PEC o aumento do teto do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) —hoje de R$ 250 mil— para R$ 1 milhão por conta. A proposta não prosperou, mas, se aprovada, teria ampliado a capacidade do Master de captar dinheiro no varejo, especialmente por meio de CDBs, seu principal produto comercial.

Com as operações sob investigação e a estrutura financeira do banco ruindo, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, acionando o FGC e desencadeando o maior ressarcimento da história do sistema bancário brasileiro.

O fio político da crise bancária
A crise que levou o Master à liquidação evidencia uma intersecção preocupante entre articulação política, operações financeiras de alto risco e fragilidades regulatórias. A atuação de dirigentes partidários para facilitar negócios entre um banco estatal (BRB) e uma instituição que já apresentava sinais de deterioração chama atenção de investigadores federais. Especialistas afirmam que o caso expõe a necessidade de reforçar barreiras entre controle político de bancos públicos e decisões de crédito — especialmente em anos pré-eleitorais, quando alianças partidárias tendem a influenciar escolhas estratégicas de instituições financeiras controladas pelo Estado.

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