O Santander justifica a abertura no sábado como parte da campanha “Desendivida”, em que os clientes poderão solicitar crédito e renegociar dívidas.
Bancários do Santander promoveram um tuitaço na sexta-feira (21) contra a imposição de trabalho ao sábado em meio a um momento crítico da pandemia de covid-19 e do surto de influenza. Eles criticaram a abertura das 3 mil agências da instituição financeira, em todo o Brasil, no sábado (22), das 10h às 14h. De acordo com representantes da categoria, a maioria dos trabalhadores foi pega de surpresa com o anúncio de abertura durante uma inserção publicitária do Santander no programa Fantástico, da Rede Globo, no último domingo (16).
Sem diálogo com a representação sindical dos trabalhadores, a instituição apenas comunicou posteriormente a decisão que já havia tomado sem abrir possibilidades de negociação. Diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Lucimara Malaquias, também coordenadora da Comissão Nacional dos Empregados do Santander, observa ainda que não houve abertura para debater as condições de trabalho neste sábado.
O banco acabou negando o pagamento de horas extras e os bancários que vão trabalhar amanhã terão direito de folgar uma hora e meia para cada hora trabalhada. Terão que atuar os gerentes de negócios e serviços de oito horas, assim como gerentes gerais, gerentes administrativos, e gerentes PJ, PF e Van Gogh. “Essa é uma atitude do Santander que, infelizmente, tem sido recorrente nos últimos anos e tem só piorado a cada momento. A ausência de negociação significa que há uma ausência do trabalhador nesse processo”, critica Lucimara em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.
Lucro em cima de dívidas
“Nós do movimento sindical e os trabalhadores entendemos que todo trabalho deve ser remunerado e não compensado. Convocar um trabalhador para ir ao sábado é ir contra a lei e contra o acordo coletivo dos bancários que define a jornada de trabalho bancário de segunda à sexta-feira”, aponta. “Esse trabalhador bancário já está sobrecarregado, está exposto e expondo a sua família e as pessoas com as quais convive diariamente (em relação à covid-19). E aí o banco vem em um domingo à noite, durante um programa de TV, e o avisa que ele vai trabalhar também no sábado. E para agravar algo que já está péssimo, ainda diz que não vai pagar hora extra para esses trabalhadores”, acrescenta.
O Santander justifica a abertura no sábado como parte da campanha “Desendivida”, em que os clientes poderão solicitar crédito e renegociar dívidas. A instituição alega que a inadimplência está alta, mas o Sindicato do Bancários ressalta que o banco também tem responsabilidade pela crise econômica do país e as dívidas de seus clientes.
Os resultados dos nove primeiros meses de 2021 da instituição mostram que o Santander teve lucro líquido gerencial de R$ 12,4 bilhões. O que indica alta de 29,4% em relação a igual período de 2020. Hoje, a operação brasileira representa 27,6% do lucro global do grupo Santander. E, de acordo com Lucimara, apenas com essas condições financeiras o banco já conseguiria contrapartidas sociais para os clientes e seus trabalhadores.
Tuitaço dos bancários
“Os bancos, e o Santander em especial, praticam juros abusivos que são impraticáveis em qualquer outro país, o que dirá durante uma crise econômica. E no caso do Santander ainda há uma prática de tarifas ao consumidor que é extremamente alta. Só com o que ele arrecada com tarifas paga mais de duas vezes sua folha de pagamento. Ou seja, o Santander conseguiria contratar o dobro de bancários que poderiam muito bem atender esses clientes endividados durante a jornada habitual”, explica a diretora.
Com a hashtag #SantandereSábadoNão, os trabalhadores também registraram o descaso do banco com os funcionários.
