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sábado, setembro 21, 2024

Daitan oferecerá kasutera e umeshu aos clientes

Data:

Em homenagem aos 100 anos da imigração japonesa, que serão comemorados na próxima quarta-feira, dia 18, o Daitan Restaurante Japonês, de Campinas, presenteará os seus clientes com a distribuição de kasutera, um bolo obrigatório nas festividades do Japão, e umeshu, licor de umê, uma espécie de ameixa japonesa considerada a fruta da longevidade.
O kasutera é uma espécie de pão-de-ló cuja receita foi levada ao Japão no século XVI durante a expansão marítima lusitana, praticamente na mesma época em que as caravelas portuguesas também a trouxeram para o Brasil. Assim como no Brasil, onde o bolo de pão-de-ló é presença indispensável nos casamentos e aniversários, montado em camadas, com recheios de diversos sabores e cobertura de glacê, também no Japão o doce está presente em todas as festas e comemorações.

A diferença é que no Japão a receita, que usa muitas gemas, farinha de trigo e açúcar, teve adicionados outros ingredientes como chá verde em pó (matchá), essência de baunilha e cremor tártaro (no Brasil, substituído pelo fermento em pó). Na receita preparada pelo Daitan para as comemorações do centenário da imigração, a cobertura será de geléia de gengibre.

Já o licor de ume foi preparado pela família do imigrante japonês Tomekiti Goto, que completará 100 anos de idade no dia 14 de julho. As homenagens do Daitan aos imigrantes japoneses tiveram início no dia 22 de abril, data do descobrimento do Brasil, com a abertura da exposição de Traços e Cores do Japão – Homenagem aos 100 anos da imigração.

A exposição contempla mostras dos artistas plásticos Paulo Branco, Alice Montibeller e Gabriele Mayla e será encerrada no dia 14 de julho pela coincidência das datas do aniversário Tomekiti Goto e dos 234 anos da fundação de Campinas.

Traços e Cores do Japão

A exposição Traços e Cores do Japão – Homenagem aos 100 anos da imigração apresenta trabalhos produzidos pelos três artistas. O artista plástico e caricaturista Paulo Branco, que ostenta ilustrações em livros de autores como Rubem Alves, e caricaturas em publicações como a Playboy, Bundas, Pasquim e Jornal Diário do Povo, exibiu 30 trabalhos que remetem à sua infância, quando os seriados japoneses de televisão faziam sucesso entre as crianças.

A jovem artista Alice Montibeller, de 16 anos, expôs desenhos elaborados com traços de mangá, palavra japonesa que se refere às histórias em quadrinhos. Já Gabriela Mayla, professora do Estúdio 2B, escolheu cerca de 20 desenhos em gekiga (pronuncia-se “guekigá”) que significa “desenho dramático” e que no ocidente é definido como graphic novel ou “mangá adulto” para decorar as paredes do restaurante no período dedicado à exposição de suas obras.

A última mostra da exposição acontece no período de 24 de junho a 14 de julho, quando os três artistas plásticos unem-se para apresentar novos trabalhos sobre a cultura japonesa.

Sobre os artistas

Paulo Branco
Desde criança, Paulo Sérgio Jardim Branco teve a influência da cultura nipônica em sua vida. Seja com desenhos, filmes ou brinquedos, o artista plástico sempre admirou a terra do Sol nascente. A exposição foi estruturada a partir de lembranças da cultura japonesa que marcaram a sua infância, aliada aos elementos atuais da cultura nipônica. “É uma colcha de retalhos da cultura japonesa”, resume ele. Os 30 trabalhos foram divididos entre ilustrações e caricaturas, como do monstro Godzila e do Ultraman entre outros seriados japoneses, e o abstratismo das artes e costumes do Japão.

Paulo Branco apresenta desenhos e pinturas em tela para os quais utilizou-se de pastel seco, nanquim, aquarela, grafite, lápis de cor e pastel oleoso. “Em alguns trabalhos misturo algumas destas técnicas, como num mosaico. Procuro retratar o Japão na forma do humor”, define.

Descendente de árabes e faixa preta no judô, ele afirma que as técnicas aprendidas na arte marcial serviram para aumentar sua concentração e equilíbrio nos 25 anos dedicados à caricatura. Natural de Campinas, Paulo Branco foi criado em Piracicaba, onde sofreu a influência do Salão de Humor da cidade, um dos mais importantes do mundo. Por desejar participar do evento, dedicou-se pelos desenhos e mergulhou na arte.

Além das publicações de suas obras em livros, revistas e jornais de circulação nacional, Paulo teve a oportunidade de participar, como curador, do livro É Mentira Chico?, de Ziraldo, em homenagem ao humorista Chico Anysio.

Atualmente, ministra aulas no Estúdio 2B, além de, como voluntário, ensinar a sua arte às crianças atendidas por entidades beneficentes, como o Centro Infantil Boldrini e ilustrar as paredes do Instituto Ingo Hofmann. Representando Campinas no Concurso Mapa Cultural Paulista em 2002, Paulo foi considerado o Melhor Caricaturista do Estado de São Paulo.

Alice Montibeller
Alice Montibeller começou a freqüentar a aulas de desenho artístico aos quatro anos de idade, quando os pais perceberam a afinidade da filha com os traços. Com o mangá, palavra em japonês usada para referir-se às histórias em quadrinhos ou ao jeito japonês de fazer quadrinhos, que é bastante peculiar e influencia autores de todo o mundo, no entanto, os primeiros contatos começaram há oito anos.

No início, Alice apenas produzia cópias dos desenhos que via nos quadrinhos, embora já se buscasse a perfeição em cada traço, até dominar a técnica necessária para a produção de seus próprios trabalhos artísticos.

Hoje, ela é independente em relação às suas criações. “Quem olha os meus desenhos percebe os traços do mangá, mas a criação é toda minha”, explica. A artista sempre se interessou pela cultura japonesa e, desde criança, incorporou hábitos nipônicos, como a prática do Kendo, modalidade de arte marcial, e o aprendizado da língua japonesa.

O acervo escolhido por Alice é composto por desenhos feitos em nanquim e aquarela, que incorporam as cores e as temáticas do mangá. Nas obras, são retratadas situações e personagens. As figuras são claras e esguias, em sua maioria mulheres. “Dizem que quando os artistas desenham pessoas, eles buscam retratar a si próprios. Acho que meus desenhos também mostram isso”, acredita. Os desenhos são estáticos, não representam ações. Alice explica que, por esse motivo, um dos objetivos de seus trabalhos é fazer com que o público, ao observar os quadros, imagine o que os personagens estão pensando ou sentindo.

Para a exposição, Alice escolheu seis quadros. Um deles mostra, com uma riqueza de detalhes, uma menina dentro de um armário, semi-escondida por roupas muito coloridas, típico vestuário das adolescentes do Japão. Outro desenho escolhido para a exposição é o de um jovem casal na banqueta de um piano, no qual a artista brinca com contraste do preto e branco e o dourado, mesma proposta do quadro do menino com seus anéis. Outra obra é a divertida figura do pequeno “artista” que “desenha” o risco da meia de nylon, tatuando a perna nua da mulher.

Gabriele Mayla
Já Gabriele Mayla escolheu as lendas japonesas como tema de suas obras para esta exposição. “São trabalhos que tratam da criação do mundo, seres fantásticos e criaturas”, explica. Os 20 trabalhos são desenhados em aquarela, nanquim e lápis de cor, sobre papéis especiais. “São três estilos perfeitos para este tipo de arte”, observa ela. “Utilizei o gekiga, que é o modo mais realista do mangá. Assim, combino um estilo adulto e suave com o ambiente do Daitan”, explica.

Gabi não tem descendência nipônica, mas o fascínio pela cultura do Japão é tamanho que ela praticamente autodidata no aprendizado da língua japonesa. “Tento aprender as palavras em japonês, ouvindo músicas e assistindo a filmes, novelas e desenhos, já que meu tempo é curto para me matricular numa escola”, diz. Quando pode, Gabi apela aos dicionários para incrementar o seu vocabulário nipônico.

A artista ainda não conhece o Japão, mas não esconde que este é um dos seus sonhos. Para ela, a cultura japonesa deveria ser seguida por todos os outros povos. “A disciplina, a maneira de trabalhar, de encarar a vida e as responsabilidades são fatores que mostram como eles vivem de forma inteligente. Acho que é o estilo de vida perfeito”, crê.

Gabriele Mayla também é precoce no mundo das artes, assim como Alice. Aos quatro anos de idade, dava os primeiros traços de que seria uma artista. Seus desenhos já denunciam o seu talento para as artes plásticas. No início, não tinha uma preferência do que expor no papel. Até mesmo pela idade, Gabi, como é conhecida, desenhava o que lhe vinha à mente.

Mais tarde, passou a interessar-se pela cultura japonesa. O primeiro item que despertou sua curiosidade foi a culinária. Analisando que as cores e o sabor eram diferentes das outras cozinhas, Gabi resolveu pesquisar também outras áreas, colecionando revistas e assistindo aos desenhos japoneses. Daí uma dedicar-se à arte do mangá foi um pequeno passo.
O homenageado Tomekiti Goto

Poucos dias depois dos primeiros japoneses desembarcarem no Brasil, em 1908, trazidos pelo navio Kasato Maru, nascia Tomekiti Goto, em Himeji, uma província do Japão. Mas quis o destino que a história deste menino fosse construída em terras tupiniquins. Pelo fato de comemora seu centésimo aniversário próximo às comemorações do centenário da imigração japonesa, Tomekiti Goto será o grande homenageado da exposição Traços e Cores do Japão.

Aos 11 anos, Tomekiti Goto, órfão de pai, espelhou-se na força e na coragem da mãe para dedicar-se ao trabalho e aos estudos. Aos 20 anos, abandonou o emprego na Estrada de Ferro do Japão e embarcou para o Brasil para trabalhar na lavoura do café, em Ribeirão Preto, Interior de São Paulo.

Por três anos, também atuou como intérprete até mudar-se para Campinas, onde conseguiu emprego na Fazenda Tozan, como auxiliar de contabilidade. É um dos fundadores do Instituto Cultural Nipo-Brasileiro de Campinas (ICNBC). Hoje, dedica-se à produção de umê, em sua chácara, em Valinhos. “Uma umeboshi (a fruta conservada em sal) por dia é o segredo da longevidade”, diz ele, ao longo dos seus 99 anos.

Números

A chegada do primeiro grupo de imigrantes japoneses ao Brasil, trazidos pelos no navio Kasato Maru, data de 1908. Os registros informam que havia 165 famílias japonesas a bordo. Atualmente, o Brasil é o país com maior número de japoneses e descendentes fora do Japão, com 1,5 milhão de pessoas. Estima-se entre 230 a 250 mil o total de brasileiros que vivem no Japão, fazendo com que o Brasil seja a terceira maior comunidade de estrangeiros em terras japonesas.

Serviço:
Exposição Traços e Cores do Japão – Homenagem aos 100 anos da imigração
Data: 22 de abril a 14 de julho
De 22 de abril a 12 de maio: Paulo Branco
De 13 de maio 2 de junho: Alice Montibeller
De 3 a 23 de junho: Gabriela Mayla
De 24 de junho a 14 de julho: exposição em homenagem aos 234 anos de Campinas e ao imigrante Tomekiti Goto, que completará um século de vida.
Local: Restaurante Daitan
Endereço: Rua Maria Monteiro, 321 Cambuí, Campinas, São Paulo.
Almoço: de segunda a sexta-feira das 11h30 às 14h30
sábado, domingo e feriados das 12h às 15h
Jantar: de domingo a quinta-feira das 19h às 23h
sexta-feira e sábado das 19h às 00h
Telefone: (19) 3251.3600

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