O câncer de próstata é a segunda causa de óbitos por câncer em homens, sendo superado apenas pelo de pulmão.
Uma das propostas anunciadas pelo novo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ao assumir a sua Pasta é a criação da Política Nacional de Saúde do Homem, que visa combater o câncer de próstata, o alcoolismo, o tabagismo e a obesidade. “A proposta é muito boa. Vamos torcer para que ela avance, saia do papel em prol da população, pois em números absolutos, o câncer de próstata é a segunda causa de morte da população masculina, depois do câncer de pulmão”, afirma o urologista Ricardo Felts de La Roca.
Um estudo divulgado, em 2006, pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que o crescimento da doença está associado à exposição da população a fatores de risco cancerígenos. Consumo de álcool, tabagismo e obesidade são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de nove dos principais tipos de câncer no Brasil. A taxa de mortalidade que mais cresceu foi a de câncer de próstata, que praticamente dobrou no sexo masculino (95,48%) em 25 anos (1979 a 2004) – passou de 7,08 óbitos por 100 mil homens para 13,84 óbitos. “Este indicativo é preocupante e revela a pouca importância que o brasileiro dá à medicina preventiva, pois o tumor de próstata é passível de diagnóstico precoce, por meio de um exame de sangue e de um exame clínico”, observa o médico.
O câncer de próstata é o mais freqüente em todas as regiões entre o total de tumores, exceto pele não melanoma, com risco estimado de 68/100.000 na região Sul, 63/100.000 na região Sudeste, 46/100.000 na região Centro-Oeste, 34/100.000 na região Nordeste e, 22/100.000 na região Norte.
Diagnóstico
Para Ricardo de La Roca, é muito importante que a população em geral e os profissionais de saúde reconheçam os sinais de alarme para o câncer, como nódulos, febre contínua, feridas que não cicatrizam, indigestão constante e rouquidão crônica, antes dos sintomas que caracterizem lesões mais avançadas, como sangramento, obstrução de vias intestinais ou respiratórias e dor. Os principais sintomas do crescimento da próstata, segundo o urologista, são os de levantar várias vezes à noite para urinar, dificuldades no ato de urinar e dor à micção, que podem ocorrer também nos casos benignos.
O câncer de próstata é silencioso, sem sinais evidentes a não ser em estágios mais avançados, quando já está infiltrado em órgãos adjacentes, ou quando suas metástases em ossos, pulmão fígado se manifestam. Na maioria dos casos, o tumor apresenta um crescimento lento, de longo tempo de duplicação, levando cerca de 15 anos para atingir 1 cm³ e acometendo homens acima de 50 anos de idade. “Um reforço nas ações de diagnóstico poderia, por exemplo, ajudar a reduzir o câncer de próstata, que, segundo o INCA, é detectado no estágio inicial apenas em 7% dos casos. Quando o diagnóstico do tumor primário é feito logo, 90% dos pacientes têm uma sobrevida maior que cinco anos. Já se for detectado tardiamente, essa proporção cai para a metade”, diz o médico, que também é assistente estrangeiro da Faculdade de Medicina de Paris V – Hospital de la Pitié-Salpetrière.
Para fazer o diagnóstico do câncer de próstata de forma precoce é necessário realizar o exame clínico de toque retal associado ao exame que revela a dosagem PSA (sigla de antígeno prostático específico) no sangue. Estes exames podem determinar a realização de uma ultra-sonografia pélvica (ou prostática transretal, se disponível). A ultra-sonografia, por sua vez, poderá mostrar a necessidade de se realizar a biopsia prostática transretal. “Estes exames devem ser realizados todos os anos, a partir dos 50 anos”, aconselha o urologista. Embora a incidência do câncer de próstata não vá diminuir, por estar ligado ao envelhecimento, o diagnóstico na fase inicial pode reduzir significativamente a mortalidade.
Fatores de risco
A idade é um fator de risco importante, ganhando um significado especial no câncer da próstata, uma vez que tanto a incidência como a mortalidade aumentam, após a idade de 50 anos. “Histórico familiar de pai ou irmão com câncer da próstata, antes dos 50 anos de idade, pode aumentar o risco de câncer em 3 a 10 vezes em relação à população em geral”, explica o urologista. Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, principalmente as de origem animal, não só pode ajudar a diminuir o risco de câncer, como também de outras doenças crônicas metabólicas.
Tratamento
O tratamento do câncer da próstata depende do estágio clínico da doença. Para doença localizada, cirurgia, radioterapia e até mesmo uma observação vigilante (em algumas situações especiais) podem ser oferecidos. Para doença localmente avançada, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados. Para doença metastática, o tratamento habitual é a hormonioterapia. “A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após discutir os riscos e os benefícios do tratamento com o seu médico”, diz Ricardo de La Roca.
Prevenção
O controle do câncer da próstata deve ser baseado em ações educativas voltadas à população masculina, alertando sobre os sinais e sintomas iniciais do câncer da próstata, estimulando-os a procurar uma unidade de saúde tão logo sejam notados; e aos profissionais de saúde, atualizando-os sobre os sinais de alerta para suspeição do câncer da próstata e sobre os procedimentos de encaminhamento para o diagnóstico precoce dos casos.
“Não são conhecidas formas específicas de prevenção do câncer da próstata. No entanto, a adoção de hábitos saudáveis de vida é capaz de evitar o desenvolvimento de certas doenças, dentre elas o câncer”, explica o médico. Deste modo, é importante:
Modificações no Estilo de Vida e Hábitos:
§ Atividade física por, no mínimo, 30 minutos/dia, avaliando-se o risco cardiovascular;
§ Seguir programas de perda de peso (se necessário), combatendo a obesidade. Adequar o programa de perda de peso ao paciente, sob supervisão de um clínico, determinar o IMC;
§ Reduzir o consumo de gorduras saturadas e alimentos ricos em colesterol. Consumir derivados da soja, frutas e vegetais regularmente, alimentos ricos em ômega-3, vitamina E e selênio. Adequar o consumo a cada região;
§ Não fumar. Se ingerir álcool, ingerir com moderação.
Fonte: Projeto Diretrizes AMB/CFM