Projeto aprovado em Washington também revoga decreto de emergência de Trump e sinaliza retomada de relações econômicas bilaterais
Por Sandra Venancio
O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira (28) um projeto de lei que revoga as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros e anula o estado de emergência nacional decretado em julho, motivado pela investigação da Justiça brasileira contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida, apresentada pelo senador democrata Tim Kaine, é vista como o primeiro gesto concreto de reaproximação entre Washington e Brasília após anos de tensão comercial e diplomática.
>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp
Segundo Kaine, o projeto — que ainda precisa passar pela Câmara dos Representantes — tem o objetivo de “corrigir distorções criadas por políticas econômicas punitivas” e demonstrar a “insatisfação com o isolamento econômico imposto por Trump”. Caso seja aprovado, o texto derrubará tarifas que chegam a 50% sobre produtos brasileiros, incluindo café, petróleo e suco de laranja.

Embora a aprovação na Câmara seja considerada improvável, o movimento no Senado norte-americano ocorre em sintonia com a retomada das negociações bilaterais entre os dois países, iniciadas nesta segunda-feira (27), em Kuala Lumpur, na Malásia. O encontro marca a primeira rodada formal após a reunião entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizada no domingo (26), durante o fórum econômico asiático.
Reaproximação e pragmatismo
A reunião em Kuala Lumpur contou, pelo lado brasileiro, com o chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo do Ministério da Indústria e Comércio, Márcio Rosa, e o assessor presidencial Audo Faleiro. Representando os Estados Unidos, participaram o representante comercial Jamieson Greer e o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
De acordo com o Itamaraty, o encontro serviu para definir um cronograma de trabalho técnico, com vistas à redução gradual ou à suspensão temporária das tarifas.
“O objetivo é avançar rapidamente para um acordo que reduza ou elimine as barreiras impostas nos últimos anos”, afirmou Mauro Vieira, acrescentando que Lula está “disposto a discutir todos os setores e áreas de comércio bilateral, incluindo minerais críticos e terras raras”.
O chanceler também declarou que o Brasil solicitará suspensão provisória das tarifas enquanto as negociações progridem. “Esperamos, em poucas semanas, concluir um processo que traga benefícios concretos para o povo brasileiro e para as exportações nacionais”, disse Vieira.
Diálogo em tom diplomático
Após o encontro, Lula expressou otimismo com a retomada do diálogo e destacou o caráter histórico da aproximação.
Trump, por sua vez, também adotou um tom conciliador. “Tivemos uma ótima reunião. Eles gostariam de fechar um acordo. No momento, pagam 50% de tarifa. Vamos ver o que acontece”, disse o republicano, em entrevista a bordo do Air Force One, durante o voo de retorno aos EUA.
Próxima etapa: Washington
As delegações concordaram que a segunda rodada de negociações será realizada em Washington, possivelmente na primeira semana de novembro. A missão brasileira deve ser liderada pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) e o próprio Mauro Vieira.
A Casa Branca publicou, em suas redes sociais, um resumo do encontro e destacou a fala de Trump sobre Lula:
R




