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segunda-feira, junho 23, 2025

II Vila de Histórias nas Terras do Boi Falô

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Integração entre os saberes de tradição oral aliado à promoção da leitura para a inclusão social é a temática deste ano, com referências aos notáveis griôs e mediadores de leitura
A integração entre os saberes da tradição oral, a mediação de leitura e a educação formal através de vivências como meio de formação da identidade e ancestralidade do povo brasileiro será a temática deste ano, da II Vila de Histórias nas Terras do Boi Falô – Encontro Nacional de Contadores de Histórias e Mediadores de Leitura da RMC (Região Metropolitana de Campinas). Produzida pela Cia Narradores Urbanos, mantenedora da Associação Nina (Núcleo Interdisciplinar de Narradores Orais e Agentes de Leitura) acontece de 3 a 12 de julho, na sede da ong e no Sesc-Campinas.

“Nosso foco neste ano é fomentar a articulação da Rede Nacional de Ação Griô, idealizada para transmitir a tradição oral associando-a à educação formal, e usando a pedagogia Griô para a criação de redes de promoção de leitura”, ressalta o contador de histórias da Cia Narradores Urbanos Marcelo Alvo, griô aprendiz e coordenador da Regional da Terra da Ação Griô. Essa rede engloba 24 pontos de cultura dos estados São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
A Ação Griô é referência internacional sobre a transmissão dos saberes de tradição oral brasileira em diálogo com a educação formal. Hoje a rede integra 130 pontos de cultura, 650 griôs mestres e bolsistas e 600 entidades de educação e cultura, envolvendo 1.300 estudantes brasileiros. “A pedagogia Griô é embasada em referências teóricas e metodológicas de grandes educadores, como Paulo Freire, Ruth Cavalcante e Carlos Petrovich”, observam os contadores de histórias Cintia Birocchi e Ulisses Junior, ambos coordenadores da Nina.
Nesse ensinamento estarão presentes o co-fundador e coordenador da Ação Nacional Griô Márcio Griô, grandes mestres, como Marquinhos Simplício, de Campinas, e também expoentes do segmento, como a produtora do Simpósio Internacional de Contadores de Histórias Benita Prieto e um dos mais completos contadores de histórias Hélio Leites, presidente da menor escola de samba do planeta, criador do primeiro e único assoviódromo do universo.

Eles contemplarão em suas oficinas a inclusão social, abordando, por exemplo, a ressocialização de presidiários e portadores de necessidades visuais. As escolas municipais da Chácara Campos Elíseos (Campinas) serão as primeiras a vivenciar essa experiência com os membros da Cia e os convidados da Ação Nacional Griô.

O evento, realizado no ano passado, colhe frutos com a integração de uma rede de escolas, educadores e contadores de histórias. Este ano em mais uma parceria com o Sesc-Campinas, acontecerá nas sedes de ambas as instituições, com palestras, oficinas e vivências em escolas municipais. “Buscaremos ainda com este encontro avanços na estruturação de ações continuadas de reconhecimento à tradição oral, formação de mediadores de leitura e acesso ao livro como instrumento de cidadania”, ressalta a contadora de histórias do Narradores Urbanos Cintia Birocchi e também griô aprendiz.
Pelo segundo ano contemplado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (FICC), e reconhecido neste ano pelos Programas de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (PROAC), e Cultura Viva, vinculado ao Ministério da Cultura, o evento reuniu no ano passado cerca de três mil pessoas com a sua programação, que teve a participação do co-fundador e coordenador Nacional da Ação Griô Márcio Griô, que retorna à II Vila.

Voltado um público de narradores, educadores, terapeutas, escritores, músicos, filósofos, agentes sociais, atores, também abrangerá a família – avós, pais, filhos, que poderão usufruir diversas dinâmicas e participar de articulações. Uma das maiores, será a mobilização da sociedade campineira, no dia 11 de julho, quando a Cia Narradores Urbanos fará um ritual para o recolhimento de assinaturas para a implementação da Lei Griô Nacional, uma lei de iniciativa popular, de educação e tradição oral no âmbito do sistema nacional de cultura.

História e musicalidade com os griôs Tapetes Contadores e Bongar

Um diálogo entre a oralidade africana, as artes plásticas e a música contemplará os participantes da oficina Ateliê de Histórias desenvolvida pelo grupo carioca Tapetes Contadores e da Meia Maratona de Narração de Histórias com o Grupo Bongar, articuladores griôs do Nordeste, nos dias 7 e 12 de julho.
O Tapetes Contadores de Histórias produzirá sessões de histórias por meio de exposições interativas a fim de despertar o gosto das crianças e jovens pelas artes e pela leitura. Para isso, o grupo cria e usa tapetes, malas, aventais, caixas e livros de pano como cenários de contos autorais e populares de origens diversas.

Criado há dez ano, o grupo mescla narração oral, animação de formas e teatro, em uma linguagem singular visando proporcionar ao público infantil e juvenil novas qualidades de experimentação estética.

O grupo é referência na pesquisa sobre o diálogo entre oralidade e artes plásticas, intersecções entre texto e têxtil, bem como das manifestações plásticas que os povos criam como cenários para seus contos. Com apoio de importantes instituições do país, e reconhecimento de público e crítica, o grupo já visitou cidades do Brasil, Espanha, Portugal, México, Argentina , Chile e Peru.
Já o pernambucano grupo Bongar foi fundado em 2001, com o propósito de apresentar a cultura Xambá e difundir a batida peculiar do Côco da Xambá. O Bongar realiza um trabalho de resgate e divulgação da cultura Xambá e do tradicional côco que acontece na casa há mais de 40 anos, todo dia 29 de junho. Os integrantes do grupo fazem parte da Nação Xambá do Quilombo do Portão do Gelo em Olinda, única dessa linhagem africana que se tem conhecimento no Brasil. A história do povo Xambá, através da trajetória do Bongar está registrada no livro: “Nação Xambá: do terreiro aos palcos”.
O Grupo traz no repertório loas e toadas que contam a história dos xambazeiros e toda sua culturalidade. Os componentes do Bongar têm influências musicais no universo das manifestações populares, como o coco da Xambá, maracatu, ciranda, caboclinho, bumba-meu-boi, frevo e no candomblé. Os integrantes do Bongar têm uma musicalidade muito forte de diversas influências musicais, vivenciadas nos cultos afro-brasileiros.

Eles herdaram toda essa musicalidade desde a infância, ouvindo os mais velhos e aprendendo com eles os toques, as músicas, as loas e as danças, durante as festas na Casa Xambá. O grupo gravou o primeiro CD (29 de Junho) em 2006 e está com o segundo disco (Chão batido, coco pisado) em estúdio, em fase de finalização. Esse segundo CD conta com arranjos do maestro Benjamin Taubkin e participação de outros músicos pernambucanos.

Programação terá percurso do caminho onde o Boi Falô
Durante a programação, com muita musicalidade, que tem início com a chegada dos grandes mestres griôs (cantantes, contadores de histórias, artistas, comunicadores tradicionais, mediadores políticos da sociedade) haverá a caminhada do percurso onde o Boi Falô, para um público de faixa etária diversificada, que acontecerá no domingo, dia 5 de julho, das 14 às 17 horas.
Através dos caminhos históricos do Boi Falô será iniciada a primeira vivência da pedagogia Griô, inspirada na pedagogia de todas as expressões culturais de tradição oral, principalmente de raízes afro-indígenas.
O trajeto partirá da praça localizada em frente ao Dalben (nome da praça e da rua), em Barão Geraldo, onde será contada a história do Boi Falô por meio dos Mestres Marquinhos e Sinhá, que conduzirão os caminhantes até o Cemitério da Saudade. Lá transitarão até o jazigo onde estão sepultados lado a lado, o Barão Geraldo e o escravo Toninho, quem ouviu o boi falar. Uma placa com o nome do escravo será aplicada no jazigo, onde há inúmeras placas de agradecimento por graças alcançadas pelos seus devotos.

Oficineiros trabalham com exclusão social
Dentre as expressivas abordagens das oficinas do II Vila de Histórias nas Terras do Boi Falô – Encontro Nacional de Contadores de Histórias Mediadores de Leitura da RMC, realizadas entre os dias 7 e 9, das 9 às 12 horas, e das 14 às 17 horas, está a inclusão social. A idealizadora do Simpósio Internacional de Contadores de História no Brasil Benita Prieto e a presidente da Associação Brasileira de Contadores de Histórias Conta Brasil, Rosana Mont´Alverne, são os expoentes.
A oficina “A ressocialização do homem através da narração oral” e “Tocando Contos” incluem os detentos e os portadores de deficiência visual, respectivamente, no contexto da preservação da oralidade como forma de resgate da cidadania.

A especialista em Arte-Educação e contadora de histórias Rosana Mont’Alverne, que trabalha com a ressocialização de presidiários, ministrará a primeira oficina. Rosana é criadora e Coordenadora do Projeto Encantadores de Histórias, desde 2004, que ministra Oficinas de Contos para os presos da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Itaúna (MG).

Já a segunda oficina será realizada pela engenheira eletrônica, escritora, produtora cultural e especialista em Literatura Infantil e Juvenil, Benita Prieto tratará do Tocando Contos. Sua oficina aborda a arte de contar histórias, voltada para deficientes visuais e profissionais que trabalham com esses portadores de necessidades especiais.
Através dela os participantes trabalharão com a desconstrução da máscara inexpressiva que muitas dessas pessoas desenvolvem ao longo da vida. A palavra, os gestos, a memória, a voz e outros recursos que compõem o acervo pessoal e material de cada um também são redescobertos.
As oficinas são gratuitas e voltadas para educadores, contadores de histórias e público em geral, a partir de 16 anos. As inscrições podem ser feitas através do e-mail cursos@ninanarede.org ou ainda na Central de Atendimento do Sesc, com uma hora de antecedência. Há apenas 20 vagas por oficina.

1) Helio Leites inicia, com sua inventividade minimalista, II Encontro de Contadores de História…

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