19.9 C
Campinas
sexta-feira, outubro 31, 2025
spot_img

Cúpula do Comando Vermelho é levada para presídio de segurança máxima após chacina que deixou 128 mortos no Rio

Data:

Transferência de dez chefes do CV para Bangu 1 ocorre após madrugada de terror com barricadas, tiroteios e corpos espalhados pela Penha; governo do Rio pede envio dos criminosos para presídios federais

POR SANDRA VENANCIO


A noite de terça-feira (28) terminou em clima de guerra no Rio de Janeiro. Dez dos criminosos mais temidos do estado, integrantes da cúpula do Comando Vermelho (CV), foram retirados às pressas de Bangu 3 e levados para Bangu 1, o presídio de segurança máxima do estado. A operação relâmpago foi uma resposta direta à onda de terror e destruição provocada por faccionados após a chacina que já soma 128 mortos nos complexos do Alemão e da Penha.

>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp

Segundo o governo do Rio, os chefes da facção — entre eles Marco Antônio Pereira Firmino, o “My Thor”, apontado como um dos principais líderes do CV — são suspeitos de ordenar, de dentro da prisão, a retaliação violenta que incendiou a cidade. Veículos em chamas, vias bloqueadas e barricadas tomadas por criminosos paralisaram o trânsito por mais de 12 horas entre a capital e a Região Metropolitana.

Presídios de segurança máxima, líderes de organizações como o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro (TCP) continuam coordenando ataques, negociações e execuções. Foto Reprodução

A transferência foi acompanhada por um forte esquema de segurança, com helicópteros, comboios blindados e viaturas do Batalhão de Choque. De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), os dez líderes foram colocados em celas isoladas e estão proibidos de se comunicar com outros detentos.

A medida tem caráter provisório, mas o governo estadual já solicitou ao Ministério da Justiça o envio imediato dos presos para unidades federais de segurança máxima — uma estratégia para enfraquecer o poder de articulação do CV dentro das cadeias fluminenses.

“Esses criminosos continuam comandando ações violentas e espalhando o caos nas ruas. A transferência é uma medida emergencial para conter o avanço da facção”, afirmou o coronel Marcelo de Menezes Nogueira, secretário da PM.

O pedido de isolamento foi reforçado após o avanço das investigações sobre a megaoperação policial que deixou dezenas de mortos e corpos espalhados por áreas de mata na Serra da Misericórdia, na Penha. A operação, considerada a mais letal da história do Rio, envolveu mais de 2.500 agentes das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal.

Na manhã desta quarta-feira (29), moradores da Penha levaram mais de 60 corpos até a Praça São Lucas, muitos deles encontrados em regiões de mata. O gesto, segundo moradores, foi uma tentativa de facilitar o reconhecimento das vítimas — que, até o momento, não foram incluídas no balanço oficial do governo do estado.

https://twitter.com/tinojunior/status/1983229034407358623

A madrugada foi marcada por cenas de desespero, ruas esvaziadas e um cerco policial que transformou a Zona Norte do Rio em um campo de batalha. “Foi uma noite de terror. A cidade ficou paralisada”, relatou uma moradora do Alemão que preferiu não se identificar.

Enquanto o governo comemora o que chama de “o maior golpe contra o crime organizado no estado”, as comunidades contabilizam o luto e denunciam execuções sumárias e desaparecimentos. Organizações de direitos humanos pedem investigação independente e afirmam que o número de mortos pode ser ainda maior.

PODER E REPRESSÃO

Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ), as facções criminosas do Rio controlam mais de 850 favelas e mantêm influência direta dentro do sistema prisional. Especialistas em segurança apontam que, mesmo em presídios de segurança máxima, líderes de organizações como o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro (TCP) continuam coordenando ataques, negociações e execuções.

A transferência de chefes de facção costuma gerar efeito imediato nas ruas, com aumento de confrontos, incêndios e ataques a forças policiais. Para o antropólogo e pesquisador José Claudio Alves, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), “a guerra entre o Estado e o tráfico se alimenta da lógica da vingança — e quem paga o preço é sempre a população pobre”.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe esse Artigo:

spot_img

Últimas Notícias

Artigos Relacionados
Relacionados

Rota das Bandeiras interdita tráfego no Trevo do Real Parque nesta quarta-feira (29)

Bloqueio na passagem inferior é necessário para implantação de...

Mais de 70 mil imóveis São Paulo estão sem energia após fortes chuvas e alagamentos

Instabilidade vinda do interior provocou rajadas de vento, transbordamentos...

Megaoperação no Rio mobiliza 2,5 mil agentes contra avanço do Comando Vermelho

Ação nas comunidades do Alemão e da Penha deixa...

Governador de SP, Tarcísio de Freitas anuncia novos pedágios “free flow” na SP-107, principal acesso a Expoflora

Duplicação da rodovia trará cobrança eletrônica que encarece transporte,...
Jornal Local
Política de Privacidade

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) já está em vigor no Brasil. Além de definir regras e deveres para quem usa dados pessoais, a LGPD também provê novos direitos para você, titular de dados pessoais.

O Blog Jornalocal tem o compromisso com a transparência, a privacidade e a segurança dos dados de seus clientes durante todo o processo de interação com nosso site.

Os dados cadastrais dos clientes não são divulgados para terceiros, exceto quando necessários para o processo de entrega, para cobrança ou participação em promoções solicitadas pelos clientes. Seus dados pessoais são peça fundamental para que o pedido chegue em segurança na sua casa, de acordo com o prazo de entrega estipulado.

O Blog Jornalocal usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Confira nossa política de privacidade: https://jornalocal.com.br/termos/#privacidade