Protagonizado pela premiada atriz e cantora Renata Jambeiro, com direção musical de Rapha Gomes e Helô Ferreira e direção cênica de Luanda Eliza, o espetáculo “Mestiça” circula gratuitamente por dez cidades do interior de São Paulo, de junho a outubro de 2025, celebrando os 82 anos de nascimento de Clara Nunes e honrando os 42 anos de sua partida. A turnê, que passará pelas cidades de Águas de Lindóia, Nazaré Paulista, São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal, Piracaia, Guararema, Cotia, Serra Negra, Paraibuna e Brotas, é uma homenagem sensível e potente à cantora mineira que revolucionou a música popular brasileira ao colocar o samba e a cultura afro-brasileira no centro da cena.
“A Clara chegou até mim pela voz da minha mãe, que cantava suas músicas enquanto cozinhava ou organizava a casa, nos domingos de infância. Aquilo me preenchia. Ao longo dos anos, fui me fascinando pela sua história. Meu imaginário era alimentado pelas capas dos discos e pelas letras das canções. Aquilo se tornou o Brasil pra mim, bem explicadinho“, recorda a cantora.
Criado originalmente em 2003, ‘Mestiça’ completa mais de duas décadas de trajetória e vem sendo continuamente renovado por Renata Jambeiro, artista brasiliense radicada em São Paulo, com 27 anos de carreira. Formada em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília (UnB), Renata é reconhecida por sua versatilidade e expressividade, transitando entre os palcos teatrais, a música, o audiovisual e a arte-educação. Sua performance cênica-musical dá vida ao repertório de Clara com vigor, sofisticação e identidade própria, sempre acompanhada por músicos de excelência e com arranjos adaptados.
No palco, Renata interpreta clássicos como “Juízo Final” (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares), “O Canto das Três Raças” e “Menino Deus” (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), “Na Linha do Mar” (Paulinho da Viola), “Conto de Areia” (Toninho Nascimento e Romildo Bastos), “Candongueiro” (Nei Lopes e Wilson Moreira) e “Apesar de Você” (Chico Buarque). O repertório revisita diferentes vertentes do samba e seus cruzamentos com o jongo, o baião, o partido alto e o samba-enredo, respeitando a diversidade que sempre marcou a obra de Clara Nunes.
“Ela foi a primeira mulher a vender mais de 400 mil cópias de um único disco. Falava de um Brasil profundo e diverso — do samba ao jongo, do bolero ao baião — e isso nos influencia até hoje. Não apenas artistas, mas qualquer pessoa que busca se fortalecer na própria identidade“, afirma Renata. “É possível reconhecer traços de muitos ‘Brasis’ em sua voz, influenciada por Ângela Maria, Elizeth Cardoso, boleros, choros, sambas-canção. Clara deixou um legado importantíssimo.“, completa.
A encenação traz ainda figurinos inspirados na estética marcante de Clara — com rendas, contas, turbantes e elementos do candomblé — e uma formação instrumental que valoriza a brasilidade com violão de 7 cordas, cavaco, sanfona, percussões e bateria. A direção geral é assinada pela Ritmiza Produções, coprodução do Instituto Caminhos Abertos, com realização da PNAB, por meio do edital ProAC, com apoio do ProAC SP, CultSP, Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas, e Ministério da Cultura do Governo Federal.
Em cada local, a apresentação será seguida por uma roda de conversa mediada por Jessé Castilho, escritor, roteirista e professor de literatura com forte atuação nas áreas da educação, artes e curadoria cultural. Juntos, Jessé e Renata conduzem diálogos sobre o legado de Clara Nunes e sua potência como símbolo de resistência e identidade, promovendo uma experiência reflexiva e afetiva com o público.
Nascida em Caetanópolis (MG), Clara foi uma das primeiras mulheres a ocupar o topo das paradas de sucesso com sambas que exaltavam as raízes africanas da cultura brasileira. Sua pesquisa sobre religiosidade, ancestralidade e musicalidade afro-brasileira moldou a estética da música popular dos anos 1970 e abriu caminho para novas gerações de mulheres no samba.
“Clara é, pra mim, um ícone não só da música popular brasileira, mas também no contexto da mulher guerreira e desbravadora. Uma figura que desafiou padrões, destruiu barreiras e construiu pontes. Hoje conseguimos avançar em muitas questões a partir da obra dela e do olhar que construímos sobre esse arquétipo feminino“, reflete Renata.
Além do impacto musical e cênico, “Mestiça” reforça seu compromisso com a acessibilidade e a democratização da cultura: todas as apresentações são gratuitas, realizadas em espaços com infraestrutura acessível, e contam com intérprete de Libras (mulher negra). Um teaser com trechos do espetáculo e das rodas de conversa, com audiodescrição, legendas e Libras, será lançado ao fim da temporada.
“Estou ansiosa para encontrar o público de cada cidade que vai receber “Mestiça”. Evocar essa alegria latente que há em sua obra e toda essa identidade nacional será um grande prazer — além de contemplar a roda de debate, onde vamos refletir sobre a cultura afro-brasileira e o impacto de Clara na música e no empreendedorismo cultural de hoje. Cada cidade trará um novo olhar. Essa é a beleza da itinerância.“, afirma.
✅ 07/JUN/25 – Paraíbuna – 13h00 – Paraibuna / SP – Largo do Mercado Municipal de Paraibuna Praça Manoel Antonio de Carvalho Centro.
✅ 28/JUN/25 – Serra Negra – Festival de Inverno 2025 (Praça João Zelante, às 20h)
✅ 12/JUL/25 – Santo Antônio do Pinhal – Palco da Pça. do Artesão
✅ 19/JUL/25 – Guararema – Estação Literária
✅ 12/SET/25 – S. Bento do Sapucaí. – 20h30 – Casarão da Memória
EM BREVE:
✅ Nazaré Paulista
✅ Brotas
✅ Águas de Lindoia
✅ Cotia
✅ Piracais
SERVIÇO
Espetáculo: “Mestiça – Celebrando Clara Nunes”
Com Renata Jambeiro
Cidades: Águas de Lindóia, Nazaré Paulista, São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal, Piracaia, Guararema, Cotia, Serra Negra, Paraibuna e Brotas.
Duração do espetáculo: 1h30 + roda de conversa (30 min)
Classificação: Livre
Acessível em Libras
Entrada franca
Coordenação: Maury Cattermol
Produção: Amanda Iuliano
Direção cênica: Luanda Eliza