O corpo do ex-governador e candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, será enterrado no mesmo túmulo do avô, o ex-governador Miguel Arraes, que morreu em 2005, no cemitério de Santo Amaro, na zona norte do Recife. Arraes, que inspirou e introduziu o neto na vida política, morreu há nove anos, também num dia 13 de agosto, o que reforça uma mística em torno da tragédia que tirou a vida de Campos em meio a uma campanha presidencial. O ex-governador de Pernambuco saiu do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, para um compromisso no Guarujá (SP). O piloto tentou aterrissar, mas devido ao mau tempo, arremeteu e fez um novo procedimento de aproximação. Nesse momento, o jato caiu próximo ao Canal 3, bairro nobre de Santos, sobre uma academia de ginástica na Rua Vahia de Abreu, no Boqueirão. Além de Campos, também morreram no desastre aéreo o fotógrafo Alexandre da Silva, o assessor Carlos Augusto Leal Filho (Percol), os pilotos Geraldo da Cunha e Marcos Martins; Pedro Valadares Neto e Marcelo Lira.
Ainda sem confirmação de horário e dia do sepultamento, a informação foi dada pelo único irmão de Campos, Antonio Campos, em rápida entrevista, na tarde desta quarta-feira na casa da família do candidato. “Perdi um irmão muito amado, um grande amigo”, disse ele, ao contar ter conversado com o candidato às 6h59, antes da viagem para o cumprimento de agenda em Santos. “Ele estava feliz com a participação positiva no Jornal Nacional”. Campos havia dado entrevista na bancada do Jornal Nacional na noite desta terça-feira (12).
A viúva, Renata Campos, que era esteio e conselheira do marido, também compartilhou a satisfação dele com os amigos, familiares e políticos que a visitaram. “Fui lá e fiz um gol”, dizia ela, repetindo a frase dita por Campos ao comentar a entrevista, aos que lhe foram abraçar e prestar solidariedade. Mesmo muitas vezes entre lágrimas, ela se mostrava serena e partilhava a felicidade do marido, expressa antes de embarcar no jatinho que o levou à morte. Renata se encontrava com o marido no Rio. Enquanto ele foi para Santos, ela retornou ao Recife. Viajou em um voo comercial e ficou recolhida em casa. A família não falou com a imprensa.
“Não estava no script”, lamentava ela, enquanto recebia, de pé, com um abraço, cada um que chegava à sua casa, na Rua Luiz da Mota Silveira, no bairro de Dois Irmãos, zona norte do Recife, onde mora desde o casamento. Renata não saiu de perto dos cinco filhos e se revezava com os mais velhos nos cuidados com o caçula, Miguel, de sete meses. O casal se conheceu ainda criança e começou a namorar na adolescência.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os certificados de aeronavegabilidade e a inspeção anual de manutenção estavam em dia. A aeronave foi fabricada em 2011 e foi exposta na edição 2012 da LABACE, a feira de aviação executiva que acontece anualmente no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
O jato pertence ao Grupo Andrade Empreendimentos e Participações, com sede em Ribeirão Preto, mas estava à disposição da comitiva de campanha do candidato Eduardo Campos.