No mês de abril comemoramos o dia do índio. No dia 19, crianças de várias escolas celebram a vida indígena com festas e aulas especiais. As crianças aprendem como é o dia do índio, desde a pesca à caça para a própria sobrevivência.
Mas apesar da cultura rica dos índios brasileiros, homenageada nas diversas escolas da cidade, esquecemos como este povo é vitimado pela língua portuguesa e pela cultura popular de nosso país.
Quando alguém próximo de nós tem uma atitude pouco civilizada e agressiva dizemos que está agindo como índio. É uma forma de desqualificarmos um comportamento do homem da cidade, que trabalha como um louco e não mantém um contato saudável com a natureza. Mas esquecemos que o indígena que vive nas matas brasileiras não está sempre mal-humorado, não respira a poluição das grandes metrópoles e, principalmente, não tem um comportamento agressivo. O indígena só usa sua agressividade na defesa de seus direitos, e não voluntariamente, como pode ser visto por muitos selvagens urbanos espalhados pelas inúmeras aldeias urbanas.
O segundo preconceito é chamarmos um programa chato, estranho, desagradável, do qual não queremos participar, de “programa de índio”. A expressão, indevidamente utilizada, transmite a idéia de como a vida dos nativos é vista em nossa sociedade. Concluímos, erroneamente, que os índios passam seus dias em atividades sem graça, em atividades chatas. É bem provável que os índios pensem a mesma coisa dos brancos, que passam os dias em cubículos, na frente de um computador, sem contato com a natureza ou outros seres vivos. Atribuímos ao índio o que nos desagrada, demonstrando a fragilidade de nossa cultura perante as demais.
Baby do Brasil canta “todo dia era dia de índio, mas agora eles só têm o dia 19 de abril”. Talvez seja o momento de nos dedicarmos a uma vida mais parecida com a dos índios. E celebrar este modo de vida mais saudável todos os dias do ano. Parabéns aos índios. Ainda temos muito a aprender com vocês.
Luiza Cursio