Ex-primeira-dama é acusada de uso indevido do programa Pátria Voluntária e pode responder por improbidade administrativa
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro respondeu com ironia à representação criminal apresentada pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) na Procuradoria-Geral da República (PGR), que pede investigação sobre possíveis crimes contra a administração pública e atos de improbidade no programa Pátria Voluntária, criado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e gerido por ela.
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Em uma postagem nas redes sociais, Michelle compartilhou a notícia sobre a denúncia com a legenda “Ele me ama”, acompanhada de um emoji de risada — reação considerada inusitada e provocadora diante da gravidade das acusações. A publicação tenta minimizar o impacto político e jurídico do caso, que agora será avaliado pelo Ministério Público Federal (MPF).
Caso o órgão identifique indícios de irregularidades, a ex-primeira-dama poderá se tornar ré em ação penal, com possibilidade de responder por desvio de recursos públicos e favorecimento indevido de entidades ligadas a aliados políticos e religiosos.
Acusações e contexto político
A representação de Lindbergh ocorre em um momento de fragilidade para o núcleo bolsonarista, já sob intensa pressão judicial. O ex-presidente Jair Bolsonaro cumpre pena de 27 anos de prisão pela liderança da tentativa de golpe de Estado em 2022, e seus filhos, além de aliados como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), também enfrentam investigações e desgaste público.
Segundo o deputado, a atuação de Michelle à frente do Pátria Voluntária teria beneficiado entidades ligadas a pastores evangélicos e apoiadores do bolsonarismo, em detrimento de critérios técnicos e legais. “Não é possível transformar um programa público em plataforma de autopromoção pessoal e política”, afirmou Lindbergh em nota.
Pátria Voluntária: sob suspeita
Criado em 2019 e comandado diretamente pelo Gabinete da Primeira-Dama, o Pátria Voluntária se apresentava como um programa de incentivo ao voluntariado e solidariedade, mas foi alvo de críticas por falta de transparência na destinação de recursos e suposto uso político de ações sociais.
Relatórios de órgãos de controle já haviam apontado inconsistências em repasses de verbas públicas e vínculos com organizações sem experiência comprovada, o que agora pode reforçar a apuração da PGR.
Reação calculada
A resposta irônica de Michelle, interpretada por analistas políticos como estratégia de vitimização e desvio de foco, marca mais uma tentativa do bolsonarismo de transformar investigações judiciais em discurso político.
Para aliados do governo Lula, a publicação demonstra desrespeito às instituições e tenta “naturalizar” suspeitas graves. Já entre os apoiadores de Michelle, a reação foi recebida como sinal de confiança e desprezo às acusações.




