A arte no arame

Que campineiro nunca reparou na grande escultura de arame feita em homenagem ao falecido Prefeito Toninho, que se encontra em um dos jardins próximos ao Shopping Iguatemi?
A obra de 8 metros de altura, retratando a famosa cena em que o ex-prefeito empinava uma pipa junto a um menino, tem como autor o arquiteto Spencer de Moraes Pupo Nogueira, que fez a escultura em 17 dias.
“A obra do Prefeito Toninho ainda está inacabada, faltou verba do antigo governo para o acabamento”, diz o arquiteto. “Além disso, a escultura era para estar em um lugar alto onde as pessoas pudessem ver a imagem por baixo e terem o céu como o fundo”, explica.
Nogueira nasceu em Sousas e hoje está com 67 anos. Pertence à família mais antiga de Campinas, a família Castro Mendes Pupo Nogueira. Formado em Arquitetura pela faculdade Machenzie em São Paulo, leciona na PUC e na USP de São Carlos.
Seu interesse pela arte surgiu desde criança. A influência de sua família era grande, já que possuía muitos artistas, inclusive artistas musicais. Logo, entrou em um curso da Unicamp conhecido pelo nome “Pintura por veladuras”. Aprendeu as esculturas de arame sozinho, ganhando seu primeiro prêmio em 1959 ( uma medalha de bronze), no Salão Paulista de Artes Modernas, com uma pequena escultura de um cachorro, feito de arames e outros objetos de metal entre eles uma colher de café.
Um ano após esse prêmio, Nogueira ingressa no curso de arquitetura. Mesmo assim, ainda participou de alguns eventos como a Bienal. Porém, não durou muito, pois para ingressar no meio artístico, tinha que estar dentro de certos padrões que não queria seguir. “Naquele tempo, tudo tinha que ser abstrato. A minha arte só está entrando na moda nos dias de hoje”, afirma o arquiteto.
Nogueira pretende se aposentar ainda esse ano. “Quero me especializar em casas populares. Meu tema será ‘Conforto em espaço mínimo’”, diz. O arquiteto também resolveu que irá mudar de Campinas, pois está insatisfeito com a parte cultural da cidade. “Campinas tinha tudo para ser um grande centro cultural e artístico, mas está morta há muito tempo”, lamenta.
Antes de partir, Nogueira deixará um presente para a cidade: uma escultura de arame de um cavalo com mais ou menos 5 metros de altura, que já está fazendo. O cavalo ficará na estrada que liga Campinas a Sousas. “Gosto de fazer o cavalo porque ele possui estrutura e equilíbrio favoráveis”, explica Nogueira, que tem muitas esculturas de cavalos espalhados por sua casa.
Tiago Campos