Distrito carece de ciclovias, sinalização e faixas de pedestres
Bicicletas comunitárias e malhas cicloviárias espalham-se pelo mundo e prática facilita a vida de muitos
Estamos passando por um descaso muito grande por parte da administração pública que não trata com dignidade e respeito pedestres e ciclistas. Em Sousas, faltam faixas de pedestres, manutenção nas já existentes, ciclovias, calçadas, melhor sinalização, respeito e incentivo para a prática comunitária de bicicletas e espaço para o mesmo. Quando a Avenida Antônio Carlos Couto de Barros está nos horários de maior movimento, os pedestres têm dificuldade para atravessa-lá, caso o pedestre tenha algum comprometimento físico, seja idoso ou uma criança, a travessia torna-se de alto risco. Têm se incentivado muito as atitudes politicamente corretas, inclusive uso racional dos meios de transportes próprios, porém, para que isto aconteça é necessário contrapartida da administração pública, que menospreza o cidadão nesse sentido.
Na década de 1960 o Holandês Luud Schimmelpennink criou o grupo Provo, onde ele e seus amigos que estavam preocupados com o trânsito de Amsterdã propuseram ao governo um projeto de fechar o centro da cidade para veículos particulares, com a intenção de aliviar em até 40% do tráfico e estimular o uso de bicicletas. A proposta foi negada e logo Luud, pois em prática o Plano das Bicicletas Brancas, pintando 50 bicicletas de branco e espalhando-as pela cidade para serem usadas como bicicletas comunitárias. A policia não aceitou a prática e retirou todas as bicicletas, alegando que não poderiam ficar soltas sem cadeados. Então, os Provos, colocaram trancas com as combinações escritas nas próprias bicicletas. O plano acabou sendo bem-sucedido, mas não durou muitos anos. Luud foi o pioneiro nesse movimento que é o mais parecido com que se têm hoje de bicicletas comunitárias.
Em Paris, existem estações de bicicletas públicas, é possível encontrá-las a cada 300 metros, o sistema é muito prático, pagando uma taxa anual de 29 euros, os ciclistas pegam a bicicleta em uma estação e depois a deixam em outra. Cerca de 20 mil bicicletas são alugadas. Chamado de Velib é o maior programa do gênero do planeta. Muitas outras cidades européias possuem um sistema parecido, Amsterdã, por exemplo, é a cidade que têm a maior malha cicloviária, são 400 km, 40% dos deslocamentos diários são feitos sob as bikes. Não só as cidades européias são exemplo de cidadania na questão cicloativismo, em Bogotá, na Colômbia, foram construídos mais de 300 km de ciclovias e as viagens diárias com bicicletas na cidade passaram de 1,5% para 6,5%. O Dia Sem Carro, passou a ser realizado duas vezes por ano.
No Brasil, o número de municípios com algum tipo de ciclovia, passou de 99 para 276 e de 2003 para cá, a malha cicloviária saltou de 600 km para 2502 km, segundo o diretor de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades. Ainda é pouco comparado á Europa, mas muitas cidades do país têm projetos para ampliação. Teresina, PI, é a capital onde as viagens diárias de bicicletas representam 11,8% dos deslocamentos, maior participação do país. O Rio de Janeiro, possui a maior quilometragem de ciclovias, 140 Km. Praia Grande tem o maior percentual de infra-estrutura por habitante, 31,38 centímetros de malha cicloviária por pessoa.
Pedalar nos grandes centros urbanos faz com que o indivíduo respire menos poluição do que se estivesse dentro de um carro ou ônibus, segundo o coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da Usp, Paulo Saldiva, pessoas que estão dentro de um veiculo motorizado, respiram cerca de 30% mais poluição que os pedestres e ciclistas, pois ao ar livre a poluição se dissipa mais rapidamente.
Em Sousas não há muita opção de locomoção, não há segurança. A única passagem de pedestre bem sinalizada, é a da frente do Obelisco. “Quem quer atravessar a Rua Isabelita Vieira, em frente ao banco Itaú, tem muita dificuldade, principalmente crianças ou ciclistas, a faixa de pedestre está apagada. A Avenida Mario Garnero precisa de uma calçada urgente, ou uma ciclovia. Deve-se direcionar a atenção para os humanos e não somente para os veículos, o poder público acaba esquecendo os humanos, só faz melhorias para os veículos, campanhas que valorizem os pedestres, deveriam ser feitas, a grande maioria dos pedestres são pessoas de baixa renda e essas pessoas acabam não recebendo devida atenção, são esquecidas. Fiz solicitação de faixas de pedestres na Avenida Antônio Carlos Couto de Barros no fone prefeitura 156 sem nunca ser atendido. Acho que três semáforos daqueles que têm em frente ao Itaú seriam ideais, isto é reivindicar cidadania”, disse o funcionário público Antônio Cândido.
Por Rafael Libertini