O deputado federal eleito em outubro passado, Jonas Donizette, concedeu entrevista exclusiva para a reportagem do Jornal Local. Durante sua visita de uma hora e meia às instalações do jornal, o parlamentar falou sobre seu crescimento eleitoral em toda cidade. Esse novo perfil eleitoral veio acompanhado de 88.266 votos de moradores campineiros, de um total de 162.144 votos que recebeu, sendo o deputado federal mais votado de Campinas.
Os números o gabaritam a ser o principal candidato a prefeito em 2012, embora considere muito cedo para comentar sobre o assunto. O deputado fará parte da base aliada de Lula, ou melhor, de Dilma Rousseff, e pode enfrentar dificuldades em sua candidatura para Prefeitura de Campinas, já que o atual prefeito Hélio de Oliveira Santos tem sido nos últimos anos o homem do Planalto em Campinas.
Jornal Local – Quantos votos o senhor teve nesta eleição e o que eles representam em termos eleitorais?
Deputado – Tive 162.144 votos, sendo que deste total, 88.266 foram na cidade de Campinas. O restante dos votos ficou concentrado na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Faço uma análise positiva destes votos. Foi publicada na imprensa nacional uma lista de candidatos que tiveram voto distrital e apareço em segundo lugar destes candidatos, sendo reconhecido como o parlamentar mais representativo em termos regionais no País. O motivo disso, é que trabalho há muito tempo nesta região, sendo três vezes vereador e duas vezes deputado estadual. Acredito neste modo de fazer política, onde o deputado deva estar próximo de seus eleitores para ser cobrado e receber sugestões.
Jornal Local – Além dos eleitores fiéis, o senhor cresceu em outras faixas da população?
Deputado – Em 2006 fui o deputado estadual mais votado e tive uma boa representatividade com eleitores de todas as classes sociais, mas nesta eleição avancei mais. Mantive os eleitores que já votavam em mim, isso foi importante porque tão difícil quanto conquistar votos é mantê-los. Ampliei meu número de eleitores e credito isso ao trabalho na Assembléia Legislativa, a minha presença na região de Campinas e a própria candidatura minha a prefeito (em 2007) que facilitou para que eu pudesse me apresentar melhor para setores que até então desconheciam o meu trabalho.
Jornal Local – Sabe-se que o senhor teve boa votação no Ouro Verde, ganhou no Centro e perdeu no Distrito de Sousas, bairro Nova Campinas e Taquaral. O senhor tem um público mais popular?
Deputado – Não, eu não faço uma avaliação que perdi nestes lugares que você citou. Por exemplo, Sousas e Nova Campinas eu não fiquei em primeiro lugar, mas fui o segundo colocado. Mesmo nesta área havia um nome forte (referência ao candidato a deputado federal, Carlos Sampaio), e mesmo assim parte deste público decidiu votar na minha candidatura. Eu consegui ser uma opção para os eleitores destas regiões, mesmo havendo outras fortes opções nestas áreas que você citou.
Jornal Local – O senhor será candidato a prefeito e necessita entrar em faixas eleitorais da classe média e alta. Há um preconceito em torno de seu nome, por causa de sua origem popular, embora sua candidatura tenha avançado, nesta eleição, em faixas do eleitorado mais abastado. O que está faltando para o senhor entrar nesta faixa do eleitorado?
Deputado – Há um tempo atrás eu tinha esta preocupação, de entrar nesta ou naquela faixa do eleitorado. Hoje, já não tenho esta preocupação. Entendo que a melhor maneira para se atingir qualquer eleitor é através do trabalho e de propostas, seja para o eleitor de classe baixa ou alta. A palavra preconceito quando a gente fala de maneira rápida, não dá para perceber seu significado, preconceito é o conceito que se forma antes conhecer algo. Por que existia este preconceito, porque muita gente não me conhecia, mas hoje muita gente sabe de meu trabalho. Recentes pesquisas apontaram que 97% reconhecem o meu empenho para melhorar a cidade. Em segundo lugar de reconhecimento, vem o deputado Carlos Sampaio. Então, hoje eu não sinto mais este preconceito.
Jornal Local – O senhor faz parte da base aliada do presidente Lula, assim como o prefeito Hélio de Oliveira Santos. Desde 2003, Lula vem indicando o candidato a prefeito na cidade. O senhor como potencial candidato a prefeito em 2012 terá dificuldades em se relacionar com as decisões do Planalto?
Deputado – Eu escrevi uma artigo durante a eleição intitulado “Campinas conte comigo”, no qual me coloco à disposição para debater com a sociedade e com atual prefeito os assuntos de interesse da cidade. Vejo com muita naturalidade o processo sucessório (da Prefeitura de Campinas), não me lancei ainda candidato porque entendo que não é uma decisão de uma pessoa. Ainda mais, pensar em uma nova eleição depois de sair de uma é algo muito açodado. Estou pensando agora em ser um bom deputado federal.
Jornal Local – Há especulações dando conta que o senhor seria apoiado por Hélio para Prefeitura, em troca, o senhor o apoiaria para governador em 2014. Dentro destas especulações ainda, Hélio se filiaria ao PMDB para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes?
Deputado – O gostoso da política é você pensar adiante. Essas conversas nascem naturalmente das cabeças das pessoas. No momento não estou pensando nisso, porque são muitas variantes: uns dizem que tal pessoa vai para tal partido, outro diz que fulano vai se eleger para tal cargo e por aí vai…O que eu sei é que meu partido cresceu nestas últimas eleições, deixou de ser um partido médio para grande na RMC. Temos uma cláusula em nosso partido, que a cidade em que o PSB teve mais de 5% dos votos é obrigatório a formação de um diretório partidário, em todas as 19 cidades conseguimos este percentual devido a minha candidatura. Eu estou muito confortável em meu partido e, mais para frente, vamos conversar com estas forças políticas.
Jornal Local – O senhor é conhecido por não fazer alianças quando concorre ao cargo de prefeito. O senhor fará alianças se porventura concorrer ao cargo de prefeito?
Deputado – Eu não fiz alianças não porque não quisesse, é que eu não consegui e não havia interesse de outros partidos. Eu reconheço que qualquer candidatura que faça alianças se torna mais forte. Eu busquei alianças no passado, não foi possível, e se acontecer futuramente (de vir a ser candidato) eu buscarei naturalmente.
Jornal Local – O trabalho do senhor junto com o vereador Sebá Torres como será a partir de agora?
Deputado – Será normal, agora mesmo, estamos com o projeto de recuperar cinco estradas vicinais dos distritos de Sousas e Joaquim Egídio, numa parceria entre governo de Estado e Prefeitura de Campinas. O programa estadual é conhecido por Melhor Caminho, que conserva as estradas sem pavimentação asfáltica devido estes caminhos estarem em áreas de preservação ambiental. Além disso, penso futuramente em criar projetos que incentivem o turismo gastronômico e rural não só para Sousas e Joaquim Egídio, mas incluindo neste projeto Barão Geraldo.
Obrigado pela informação