O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira, 11 de março, da inauguração do TechMobility, o maior centro de desenvolvimento de produtos de mobilidade híbrida-flex da América Latina, durante visita ao Polo Automotivo Stellantis, em Betim (MG).
“Hoje é um dia que eu estou feliz. Primeiro, porque o BNDES aprovou uma verba de R$274 milhões para contribuir com essa inovação tecnológica da Stellantis. Segundo, pelo anúncio de investimentos da Stellantis. Terceiro, pela quantidade de emprego. E quarto, pelo comportamento de uma empresa multinacional que tem se comportado aqui no Brasil da forma mais extraordinária, estabelecendo uma relação 100% civilizada e harmônica com as coisas do governo”, disse o presidente Lula.
A visita do presidente Lula também marcou o início do ciclo de investimentos da Stellantis, no valor de R$32 bilhões, para o Brasil e a América Latina entre 2025 e 2030, anunciado pelo grupo em março de 2024, durante reunião com o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin. É o maior investimento na história da indústria automotiva brasileira e sul-americana. Além disso, a empresa contratará 400 engenheiros para impulsionar o avanço da tecnologia híbrida no Brasil e mais 1,5 mil outros funcionários.
Para o presidente, ter um trabalho digno não é apenas ter um fonte de renda, mas um meio de sonhar e construir esses sonhos ao longo da vida. “Estou muito mais feliz quando vejo a notícia de geração de emprego. Porque não tem nada mais importante para o ser humano do que ele ter emprego, com uma certa estabilidade, com salário justo, para que essa pessoa, seja homem ou mulher, possa cuidar de sua família, possa cuidar dos seus filhos, possa cuidar dos seus pais e possa sonhar”, afirmou Lula.
COMPROMISSO — O presidente ressaltou, ainda, que a missão de um governo é agir com compromisso e ações concretas para que a população atinja esses sonhos. Lula fez uma analogia com uma jabuticabeira para destacar a importância do cuidado e gerar bons frutos.
“Sonhar é a coisa mais extraordinária. Todo mundo aqui tem um sonho e todo mundo aqui já teve um sonho. A nossa vida é construir sonhos. E esse é o comportamento de um governo, não é mentir, não é contar coisas que não vão acontecer. Se a gente planta um pé de jabuticaba e a gente não rega ele e ele não toma o sol necessário, não vai dar jabuticaba. Ou se der, vai dar jabuticaba sem vergonha, miudinha, sem gosto. E governar é exatamente fazer isso. É a gente cuidar, cuidar para que as coisas aconteçam de forma muito privilegiada.”
CRESCIMENTO — Durante o discurso, o presidente Lula também destacou a mudança na venda de automóveis, que voltou a registrar crescimento em 2024. “Eu conheço a história da indústria automobilística. A situação estava tão feia que nem Salão do Automóvel tinha mais aqui no Brasil. Quando eu deixei a Presidência em 2010, tinha uma indústria automobilística emplacando 3,6 milhões por ano. Quando eu voltei, 15 anos depois, essa indústria só estava emplacando 1,6 milhão de carros. E agora, graças a Deus, estamos emplacando 2,6 milhões e se continuar assim vai emplacar os 3,6 milhões que emplacava antes”, ressaltou o presidente.
SETOR AUTOMOTIVO — Conectado a iniciativas de reindustrialização do Governo Federal, como a Nova Indústria Brasil (NIB) e o Novo PAC, o setor automotivo foi um dos que anunciaram investimentos nos próximos anos para fortalecer a competitividade da indústria nacional, totalizando R$130 bilhões em recursos privados. Um dos impulsionadores dos investimentos é o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançado em 2023, que reduz impostos para quem polui menos e amplia exigências de sustentabilidade.
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, enfatizou as medidas que incentivam investimentos, a inovação e a competitividade no Brasil. Para o setor automotivo, Alckmin também citou o aumento na venda de veículos novos em 2024. “No ano passado, a venda de veículos cresceu 2% no mundo. O Brasil cresceu 14,2% na venda de veículos e a indústria automotiva cresceu, praticamente, 10%. Com o Mover, o maior programa da história do Brasil, só neste ano, serão R$3,8 bilhões de incentivos para eficiência energética, segurança automotiva e reciclabilidade, que é levado em conta no Mover”, detalhou o vice-presidente.

O presidente da Stellantis para a América do Sul, Emanuele Cappellano, reconheceu o crescimento da indústria automotiva no Brasil e destacou o programa Mover como um dos impulsionadores. “A indústria automotiva brasileira está crescendo sob inspiração do Mover, um dos mais abrangentes e completos programas de desenvolvimento setorial do mundo, que trouxe previsibilidade e clareza às decisões de investimentos. A Stellantis está investindo 30 bilhões até 2030, totalmente alinhados com os marcos regulatórios estabelecidos para a eficiência energética, a segurança veicular, a meta das emissões e a nova estrutura de tributação privilegiando os veículos de baixo carbono”, disse Cappellano.
Presidente do Conselho da Stellantis, John Elkann afirmou que a matriz energética do Brasil, concentrada em energia renovável, estimula a empresa a investir em mobilidade sustentável. Segundo Elkann, o país passa a segurança necessária para investimentos diante de um cenário mundial instável.
“O Brasil nos inspira muito a buscar novas soluções tecnológicas e é uma referência mundial quando se fala de transição energética. A política e a economia mundial se transformam. Vemos os movimentos que podem alterar a correlação de forças e blocos. Nesse cenário, vemos o Brasil como uma referência estável em um cenário internacional de disputas e incertezas. O país tem uma posição sólida no agronegócio internacional e é um destacado produtor e exportador de matérias-primas estratégicas”, declarou Elkann.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA — O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, citou que o Brasil é líder mundial na transição energética e destacou a economia verde para promover o desenvolvimento sustentável, citando o programa Combustível do Futuro. A iniciativa foi lançada no ano passado, com medidas para promover a descarbonização, mobilidade sustentável e transição energética no Brasil.
“Os investimentos aqui se relacionam diretamente com o trabalho que estamos desenvolvendo no Ministério de Minas e Energia. É etanol, híbrido, flex, combustível sustentável de avião. A Lei do Combustível do Futuro vem tornando realidade a nova economia, é a economia verde no setor automotivo do Brasil. Ao criar mandatos para os biocombustíveis, estamos desenvolvendo a inovação. Programas como o Combustível do Futuro e o Mover, que incentivam a mobilidade sustentável, criam condições para novos investimentos, como o que vemos hoje”, disse Silveira.
TECNOLOGIAS — A Stellantis é líder no mercado de automóveis leves na América do Sul e é responsável por 14 grandes marcas do setor automotivo. O investimento anunciado vai impulsionar o lançamento de mais 40 produtos e oito powertrains (sistema de componentes que gera e transmite potência a um veículo). No ano passado, as vendas totais da empresa na América do Sul superaram a marca de 916 mil veículos, com 22,9% de participação no continente.
O Polo Automotivo Stellantis em Betim é o centro global da empresa no desenvolvimento da tecnologia Bio-Hybrid, que combina eletrificação com motores flex movidos a biocombustíveis (etanol) em três diferentes níveis, sendo uma inovação acessível e 100% nacional.
Inaugurado nesta terça, o TechMobility — Centro Stellantis de Desenvolvimento de Produto & Mobilidade Híbrida-Flex, será responsável pelo desenvolvimento de motores a combustão de alta eficiência e tecnologias de eletrificação de baixa e alta voltagem. O centro consolida o Brasil como polo de inovação e sustentabilidade na indústria automotiva mundial.
Ritmo industrial no início do ano
Já segundo indicadores divulgados nesta terça pelo IBGE, a produção industrial manteve-se estável na passagem de dezembro de 2024 para janeiro de 2025, sem apresentar crescimento. Na comparação com janeiro de 2024, houve avanço de 1,4%. Em 12 meses, a indústria acumula expansão de 2,9%.
O resultado desse mês interrompeu um período de três meses de taxas negativas consecutivas, período em que acumulou perda de 1,2%, sendo -0,2% em outubro, -0,7% em novembro e -0,3% em dezembro de 2024.
Na passagem de dezembro para janeiro, três das quatro grandes categorias econômicas e 18 dos 25 ramos pesquisados mostraram avanço na produção. Os destaques positivos ficaram com máquinas e equipamentos (6,9%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (3,0%).
De acordo com André Macedo, gerente da pesquisa, essas atividades vieram de comportamento negativo no final de 2024, influenciadas, em grande medida, por férias coletivas nesse período. “Há um movimento de maior dinamismo para a produção de janeiro de 2025 por conta dessa volta à produção e que elimina a perda registrada em dezembro de 2024”, explica Macedo.
Com informações do IBGE e da Secom