Em tupi-guarani, “Ibiti” significa serra, montanha ou pedra, e “poca”, que explode ou estala: “Terra que Estoura”. Outras definições também são aceitas, como ‘Pedra Fendida’ e ‘Fenda Retorcida’. No vocabulário dos botânicos, a palavra pode ser traduzida por ‘Paraíso das Plantas’ mas é o idioma “mineirês” que possui a melhor definição: ‘Lugar Danado de Lindo’.
A serra de Ibitipoca, situada no Sudeste de Minas Gerais, é uma ramificação da Serra da Mantiqueira, imponente maciço do Planalto, a 1800 metros de altitude. Sua flora vem sendo estudada por botânicos de Universidades do Brasil e de outros países, devido à diversidade de espécies, entre orquídeas, bromélias, liquens e famílias raras do universo vegetal. Encontramos plantas raras, como a planta clitória, bio-indicadores de ar puro, como liquens e bio-indicadores de movimentação humana, como a cânfora, que é uma planta invasora, trazida na sola dos pés e nas barras das calças dos turistas.
Com dezenas de cachoeiras, lagos e pequenas praias naturais, em meio a um cenário exuberante, situa-se o Parque Estadual do Ibitipoca. Criado em 1973 protegia 1.488 hectares e, atualmente, concentra 1900 hectares localizados nas cidades de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca, atraindo turistas de todas as regiões. Antes dessa data as terras não possuíam donos e eram utilizadas como pasto para as criações de gado da comunidade local.
As matas, campos e grutas da Serra abrigam uma rica e numerosa fauna, entre mamíferos, inúmeras espécies de macacos, aves, insetos e répteis, como a menor rã já vista, alguns deles ameaçados de extinção, e que no Parque encontram proteção e refúgio.
Seu solo é muito frágil, arenoso e brilhante, devido à sua formação geológica que concentra a segunda maior quantidade de quartzito do mundo, 87 por cento, perdendo apenas para a Venezuela. Esse tipo de rocha seria responsável pelas grutas da reserva, cavadas ao longo dos anos pelas águas dos lençóis freáticos da região. De suma importância natural, por ser uma das maiores áreas de biodiversidades do planeta, tem causado preocupações a geólogos, biólogos e demais ambientalistas quanto a sua preservação.
A maioria das grutas do Parque serviu como esconderijo para os escravos fugitivos da fazenda do Engenho do Tanque. É possível observar, com o uso de uma lanterna, algumas espécies animais que nelas habitavam, como o opilão, um aracnídeo espeleólogo.
Por ser uma unidade de conservação ecológica, podemos encontrar lobos-guará, onças pintadas, macacos bugios, micos, uma grande variedade de pássaros, mais de 150 catalogados, e inúmeras espécies de plantas. Encontramos lá 150 espécies de orquídeas, um exemplo da grandiosidade e exclusividade do local.
LOCALIZAÇÃO: O parque Estadual do Ibitipoca está localizado entre os municípios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca, na cidade de Lima Duarte, estado de Minas Gerais, Brasil. Encontra-se a, apenas, 60 km de Juiz de Fora, no distrito de Conceição do Ibitipoca.
Com uma boa estrutura, o Parque Estadual conta com área de camping, centro de informações, lanchonete e vestiários, além do distrito contar com diversas pousadas, restaurantes e serviço de guias. Dentro do parque, o visitante pode optar por uma das trilhas, e desfrutar de belas paisagens e deliciosos banhos nas águas cor de guaraná que renovam as energias de qualquer pessoa. A diferente coloração ocorre devido à enorme decomposição de matéria orgânica. Para quem não está acostumado com esse tipo de água seu uso não é recomendável, pois pode causar disfunção intestinal.
A trilha conhecida como Caminho das Águas, ou Cachoeira dos Macacos, considerada de dificuldade média, percorre 7 km, ida e volta, de cenários fantásticos e promessa de belas fotos. Outras trilhas visitam a cachoeira da Janela do Céu, a imperdível Gruta dos Três Arcos, o Pico da Lombada (a 1784 m), o Pico do Pião (a 1722 m), a Cachoeira da Pedra Furada, e ainda passeios a cavalo pela vila e arredores, entre outros, com duração de 3 a 7 horas de caminhadas, incluindo pausas para banhos e descanso.
PASSEIOS
Cachoeira dos Macacos
Considerado um passeio de curta distância, cerca de 7km ida e volta, é um dos mais belos do parque, porém o relevo acidentado transforma qualquer passeio num teste de disposição física. Esta caminhada, conhecida como circuito das águas, é belíssima, inicia-se passando pela Prainha, descendo o rio do salto, onde já se vê a cor dourada da água cristalina e um dos muitos paredões que compõem, juntamente com orquídeas e bromélias, o cenário exuberante do parque. Segue-se até a Gruta dos Gnomos, onde o rio cavou um túnel no paredão. Aos arredores, podemos encontrar uma planta carnívora de nome urticulária.
Logo abaixo, a 150 metros dali, incrustado no paredão, avista-se o Lago das Miragens, um local maravilhoso. Dizem que se vê um reflexo de índio nas águas. Há cinco lendas para essa visão e uma delas relata que há muito tempo os dois homens mais fortes de duas tribos vizinhas lutaram para eleger quem seria o cacique e futuro marido de uma bela índia. Um deles mexia com magia negra e, por meio de um feitiço, derrotou seu adversário. Como a índia era apaixonada pelo homem derrotado, atirou-se de cima do paredão. Em noite de lua cheia, as pessoas de bom coração podem notar as sombras dos índios nas águas.
Seguindo rio abaixo, encontramos a majestosa e imponente ‘Ponte de Pedra’, com pé direito de 25m de altura, com o Rio do Salto passando dentro dela. Mais adiante, descendo o rio, temos o Piscinão (lago com cachoeira) e, finalmente, a Cachoeira dos Macacos que despenca de um penhasco de 32m de altura. A volta é feita por cima do paredão, passando por cima da ponte de pedra até o Lago dos Espelhos (cachoeira com lago), adequados para banho. Após essa longa caminhada, retorna-se à lanchonete, ponto de partida.
Pico do Pião
Um dos pontos mais altos do parque com 1.722m e uma cadeia de paredões de mais de 15km de extensão com altura média de 600m de onde se pode contemplar tudo dali. É considerado um passeio de média distância, cerca de 10km ida e volta. Saindo da lanchonete passa-se pela Prainha, em direção a Gruta do Monjolinho, de lá segue até a Gruta do Pião. Depois parte em direção ao pico, onde há um altar da antiga capela construída por volta de 1845 por seminaristas, hoje em ruínas. De lá se vê um mar de montanhas. Logo após visita-se a Gruta dos Viajantes, ponto de dormida dos tropeiros do ciclo do ouro. A volta é feita por trilha até o ponto de partida, a lanchonete.
Em 1932, lá, foi construída a Capelinha de Senhor Bom Jesus. Em 1938 já não havia mais telhado por causa dos raios que caem sempre nos mesmos lugares. Há uma lenda contando que, quando caiu o primeiro raio, o sino rolou pelo despenhadeiro de 500 metros de altura. Dizem que até hoje há quem procure a peça, jamais encontrada. Muitos acreditam que o sino era de ouro, e na época dos bandeirantes, como não queriam que soubessem da existência do ouro, o banharam em bronze.
Janela do Céu
Magnífica cachoeira com 180m de altura, distribuídas em 7 quedas, sendo a primeira de 40m. Ela despenca numa clareira sempre aquecida pelo sol, onde as rochas que ladeiam a queda de 40m fazem uma moldura perfeita do céu, como se fosse um grande telão ao vivo da natureza. Partindo da trilha que dá acesso à Gruta das Bromélias, atualmente fechada à visitação, o turista segue em direção ao Cruzeiro, onde foi rezada a primeira missa da região pelos jesuítas.
Pertinho dali pode-se visitar a Gruta da Cruz, lindíssima, subindo até chegar ao cume, Pico da Lombada com l.784m, ponto mais alto do parque, onde se pode descansar um pouquinho. Na montanha da Lombada há um cruzeiro que está ali desde antes da inauguração do parque. Ninguém sabe quem o colocou, o por que nem quando isso foi feito. Todo dia três de maio é celebrado o Dia da Santa Cruz, em que os nativos de Ibitipoca rezam três vezes o terço cantado. O cruzeiro já foi trocado três vezes por causa dos raios que caem nele e que, com o tempo, lapidam a sua madeira. O local impressiona por ter a vista maravilhosa de um vale entre colinas e o pôr-do-sol é emocionante.
Descendo, com uma boa caminhada, chega-se à Gruta dos Fugitivos, refúgio dos escravos da época da exploração do ouro. A partir de uma trilha chega-se à Gruta dos Três Arcos, imperdível. Logo após, a pouco mais de 500m, encontramos a Gruta dos Moreira, exótica, com várias entradas e saídas e pé direito bem alto, boa para exploração de leigos. Caminhando-se mais um pouco, chega-se à Cachoeirinha, uma cachoeira de 42m de altura. A descida até lá não é fácil, exige um pouco de aventura e disposição para encarar uma pirambeira para ninguém botar defeito. De lá segue o leito do rio vermelho em direção à Cachoeira da Janela do Céu, é uma aventura bem gelada, porém, pode-se utilizar a trilha de acesso por terra, que é bem mais fácil. A volta é feita pelo caminho do meio, ou seja, entre vales, de um lado o Pico do Pião e do outro o Pico da Lombada, considerada mais leve.
Pedra Furada
Passeio curto, também de águas, subindo o rio do salto com 7km ida e volta, cachoeira de 25m de altura cuja passagem do rio se dá por um anel na pedra furada, curioso e ao mesmo tempo fantástico. Saindo da lanchonete passa-se pela Prainha em direção a Gruta do Monjolinho, e de lá o acesso se dá por trilha estreita até a Cachoeira da Pedra Furada. A 500m dali pode-se visitar a Cachoeira das Varinhas e o belíssimo Poço Preto e Cachoeira dos Namorados.
Passeios Alternativos
Com duração média de 4 horas, a pé ou a cavalo, este passeio tem como objetivo a integração com a natureza e mostrar os costumes locais, bem como suas belezas naturais, tais como: cachoeiras, alambiques, muro construído por escravos, riachos, paisagens exóticas e visual de montanhas, num cenário aconchegante e acolhedor, enfocando a hospitalidade do povo mineiro e a vida na roça.
Para chegar, quem vem de São Paulo ou do Rio de Janeiro, pode ir até Lima Duarte pela estrada que passa por Caxambu e, partindo de Belo Horizonte, são 260km até Juiz de Fora. A partir de Lima Duarte, são 27 km de estrada de terra até Conceição de Ibitipoca. O parque fica a 3km da vila de conceição de Ibitipoca.
O valor da entrada do parque deve ser consultada. O limite de pessoas para dias normais é de 300 e nos feriados 800. O horário de funcionamento para visitantes é das 7:00 às 18:00 hrs e para campistas, das 7:00 às 22:00 hrs. O turista pode fazer os passeios sem a contratação de um guia, mas o ideal é ir com alguém apto e que conheça o local. O camping tem capacidade para 90 barracas.
CONCEIÇÃO DO IBITIPOCA – A DESCOBERTA DE UM DESTINO ECOLÓGICO
A Vila de Conceição do Ibitipoca, comunidade com mais de 300 anos, começou a ser construída por volta de 1.692, sendo um dos primeiros povoados mineiros do ciclo do ouro iniciado pelos bandeirantes paulistas. Atualmente é um lugarejo com pouco mais de 200 casas, duas igrejas distribuídas em ruas irregulares, hotéis, pousadas onde o turista se sente em casa, lojinhas de tear e artesanato, restaurantes com o melhor da saborosa cozinha mineira, campings, um povo simples e colhedor.
Em 1.715 Ibitipoca já recolhia o valioso imposto para coroa portuguesa, que explorava suas colônias para pagar suas dívidas com a Inglaterra. Ibitipoca tornou-se importante apoio para as minerações da então ‘Capitania das Minas Gerais’, e era rota de cargueiros em tropas que levavam o metal precioso de Vila Rica (Ouro Preto), Mariana e de outras minas, para os portos do litoral. Da primeira capela, antigos moradores relatam ter ainda visto as ruínas de seu alicerce, na parte baixa do arraial. A atual igreja matriz datada de 1.768, apresente sinais de rachaduras recentes, devido ao tráfego de veículos pesados que agora circulam pelo centro histórico.
O antigo arraial foi palco, segundo registros históricos apontados por Alexandre Miranda Delgado, de algumas execuções por enforcamento na centenária árvore do centro da vila, de revoltosos envolvidos com a inconfidência mineira, movimento pró-libertação contra o julgo português em 1.789.
Após o término do ciclo do ouro, já no século XIX, Ibitipoca esvaziou-se e sua população diminuiu para pouco mais de duas centenas de moradores. Perdida e esquecida por mais de 150 anos de solidão, a vila só foi redescoberta no século XX, principalmente com a chegada dos primeiros turistas, na década de 70.
Esse distrito já esteve na rota de tropeiros no século XVIII, no auge da exploração aurífera de Minas Gerais, como importante entreposto comercial, pouso dos aventureiros e contrabandistas que se arriscavam levando o ouro de Vila Rica e Mariana até o litoral.
Em Ibitipoca há um pequeno templo dedicado a Nossa Senhora da Conceição, uma das devoções mais populares em Minas Gerais no séc XVIII. O Arraial possui duas igrejas:
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Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição
Feita no estilo barroco-rorocó, seu estudo é importante referencial e testemunho histórico dos tempos da exploração do ouro, quando a implantação de uma igreja era essencial para a vida social da região. É cercada por muro de pedra e piso de gramado exibindo, na fachada, uma placa com data de 1768 (construção) e 1899 e 1931 (reformas). Seu altar-mor é o mais antigo e complexo de sua decoração.
Igreja Nossa Senhora do Rosário
No início do séc XIX os negros eram impedidos de freqüentar a igreja matriz, portanto, construíram na parte baixa da Vila do Ibitipoca uma tosca capela de pau-a-pique, dedicada a Nossa Senhora do Rosário. A cada 15 de agosto comemoravam a festa de Nossa Senhora que tinha, como expressão máxima, a dança do congado. Em 1915 ela encontrava-se em ruínas, e o Padre Carlos Otaviano Dias iniciou as obras para reformá-la. A arquitetura singela lembra o estilo colonial e seu interior é dividido em nave e santuário.
À época da Inconfidência Mineira (por volta de 1789), dizem que a vila presenciou execuções de alguns acusados de participar do movimento. Porém, a importância do lugar diminui na medida em que terminava o ciclo do ouro na região, ficando a vila com cerca de 200 habitantes. O vilarejo só foi redescoberto em meados de 1970, com a chegada dos primeiros turistas em busca de natureza e bucolidade.
Durante a noite, a vila proporciona uma harmonia dos moradores locais com turistas de todos os cantos do Brasil nos bares, lanchonetes e restaurantes. O forró, o blues, a mpb e o reggae são comuns em cada canto da vila, assim como a tradicional prosa mineira regada à pinga retirada dos alambiques da serra.
O artesanato local é composto de colchas de variadas cores em lã e fiado, processadas e tingidas. As rocas e teares são o artesanato mais tradicional da serra. Hoje também encontramos artesanato em madeira e raízes, bordado, balaio, crochê, tricô e pintura em tecidos.
A culinária tem destaques, como a canjiquinha com costelinha de porco, farofa de couve, pato com palmito, pão de canela (delicioso, feito de massa folhada), broa de milho, pão de queijo, quitutes mineiros e a deliciosa pinguinha de alambique, fabricada por famílias, sem nenhum tipo artificial de fermentação.
O arraial possui um templo esotérico, um lugar muito especial, de paz e tranqüilidade, que carrega muita energia e somente quem tem algum conhecimento sabe decifrar e entender. Os míticos acreditam que o Brasil possui vários portais de energia, alguns lugares especiais como (Alto Paraíso em Goiânia, Região de Caxambú-MG, Chapada Guimarães, entre outros, e um deles é Ibitipoca.
O Templo, para ser construído, foi minuciosamente estudado (posição, lugar, cores, símbolos, etc) e preparado para que se pudesse abrir este portal. O lugar Já recebeu alguns grupos de estudo, que ficam enlouquecidos, dizendo que lá existe uma concentração enorme de uma energia muito boa, purificadora.
A paisagem é maravilhosa e dentro dele, no teto, tem um vidro por onde, em determinada fase da lua, a luz o penetra, formando um brilho incrível. Por ser super quieto, é perfeito para meditação. Só é possível escutar o canto dos pássaros e o vento. No templo ou no Arraial a energia é outra, não tem como não sair diferente desse lugar, vale a pena conferir, ninguém sai insatisfeito dessa pequena vila, onde todos se conhecem e tratam os de fora como se fossem da família.
ACESSO A CONCEIÇÃO DO IBITIPOCA: Partindo do Rio de Janeiro, são 260km pela BR-040, sentido Juiz de Fora, onde existe um trevo que dá acesso a BR-267 em direção à Caxambu, são 62km até o município de Lima Duarte, e de lá até Conceição de Ibitipoca são 27km de estrada de terra.
Partindo de Belo Horizonte, são 241km pela BR-040 em direção a Juiz de Fora até o trevo que dá acesso a BR-267, sentido Caxambu. Até o município de Lima Duarte percorre-se 62km e de lá mais 27km de terra para chegar a Conceição de Ibitipoca.
Partindo de São Paulo, são 488km pela via Dutra em direção ao Rio de Janeiro, entrar em Cachoeira Paulista e seguir a orientação de placas indicando Sul de Minas, Caxambu, e no trevo de Caxambu pegar a BR-267, sentido Juiz de Fora, Lima Duarte fica 62km antes de JF.