Presidente cita Operação Carbono Oculto e reforça apoio à PEC da Segurança após operação com 121 mortos na Penha e no Alemão
Por Sandra Venancio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, na noite desta quarta-feira (29), a necessidade de um trabalho coordenado entre as forças policiais para combater o crime organizado no país, mas não comentou diretamente a Operação Contenção, que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro.
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“Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, afirmou Lula em postagem nas redes sociais.

O presidente citou como exemplo positivo a Operação Carbono Oculto, realizada em agosto e considerada por ele “a maior operação contra o crime organizado da história do país”. Na ocasião, as forças federais e estaduais desarticularam um esquema de tráfico de drogas, adulteração de combustível e lavagem de dinheiro. “As ações tiveram o sucesso esperado ao chegar ao coração financeiro de uma grande quadrilha”, destacou Lula.
Em sua fala, o presidente também reforçou o apoio à PEC da Segurança, que tramita no Congresso Nacional e prevê a integração formal das polícias Federal, Civil, Militar e Rodoviária em ações conjuntas de combate ao crime organizado. “Vamos garantir que as diferentes forças policiais atuem de maneira conjunta no enfrentamento às facções criminosas”, escreveu.
A manifestação ocorre em meio à repercussão da operação mais letal da história do Rio de Janeiro, que deixou um saldo de 121 mortos e dezenas de feridos, segundo balanço oficial da Secretaria de Segurança Pública do estado. As denúncias de execuções, torturas e impedimento de socorro estão sendo investigadas pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública.
Lula retornou a Brasília na noite de terça-feira (28), após viagem ao Sudeste Asiático, e ainda não havia se pronunciado sobre o episódio. Integrantes do governo ouvidos reservadamente afirmam que o presidente pretende se manifestar oficialmente apenas após a conclusão do relatório preliminar da Polícia Federal, que foi acionada para acompanhar as investigações em apoio ao Ministério da Justiça.
Enquanto isso, o clima nas comunidades da Penha e do Alemão segue tenso. Moradores relatam medo de novas incursões e cobram uma postura mais firme do estado diante do que chamam de “genocídio patrocinado pelo Estado”.




