Imóvel na Vila Industrial estava abandonado e havia sido prometido ao grupo para atendimento a mulheres vítimas de violência; prefeitura é acusada de descumprir compromisso
Reportagem Sandra Venancio – Foto Maria Lucia Petit
Na manhã do último sábado (26), o Movimento de Mulheres Olga Benário realizou uma nova ocupação em Campinas, desta vez em um imóvel abandonado localizado na Vila Industrial. A ação, que batizou o local de Maria Lúcia Petit Vive, ocorre após a prefeitura não cumprir, segundo o grupo, o acordo firmado durante a desocupação anterior, quando havia se comprometido a ceder um espaço para a continuidade do atendimento a mulheres em situação de violência.
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De acordo com o movimento, o imóvel ocupado fica na Rua Malaquias Ghirlanda e pertence à Prefeitura de Campinas. Até o final de 2023, o espaço estava sob responsabilidade da Cohab, mas encontrava-se abandonado. Segundo as integrantes do Olga Benário, o próprio imóvel havia sido indicado pela gestão do prefeito Dário Saadi (Republicanos) como uma alternativa viável para a continuidade dos serviços prestados pelo grupo, durante reuniões com representantes do Executivo municipal.
O Movimento de Mulheres Olga Benário atua em diversas cidades do Brasil com foco no acolhimento e na proteção de mulheres vítimas de violência, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade social. Em Campinas, o grupo já havia ocupado anteriormente um outro prédio no Centro da cidade, onde oferecia atendimentos jurídicos, psicológicos, oficinas de geração de renda e atividades de fortalecimento coletivo.
A desocupação daquele primeiro imóvel foi feita mediante um acordo verbal com a prefeitura, que teria se comprometido a disponibilizar um novo espaço para que os atendimentos pudessem prosseguir. No entanto, segundo o movimento, o compromisso não foi cumprido, e diante da urgência em retomar os serviços, a ocupação foi retomada de forma direta.
“O espaço está vazio há meses, se deteriorando, enquanto centenas de mulheres seguem sem apoio. Essa omissão não pode continuar. Estamos aqui para garantir vida e dignidade às mulheres da periferia”, afirmou uma das representantes do movimento durante a ação.
O nome da nova ocupação, Maria Lúcia Petit Vive, homenageia a guerrilheira e educadora assassinada pela ditadura militar, símbolo da resistência feminista e popular. A ocupação teve apoio de outros coletivos, moradores da região e militantes de movimentos sociais.
Até o momento, a Prefeitura de Campinas ainda não se pronunciou oficialmente sobre a nova ocupação, nem sobre o andamento do compromisso anterior. O movimento afirma que seguirá no imóvel e já iniciou reparos estruturais básicos para viabilizar o acolhimento de mulheres a partir dos próximos dias.
A ocupação reabre o debate sobre a utilização de imóveis públicos ociosos, o papel do poder público no combate à violência de gênero e o fortalecimento de políticas de assistência para mulheres em situação de risco.