Eduardo Bolsonaro entra em surto diplomático e tenta sabotar reaproximação entre Lula e Trump

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Em uma das postagens, ironizou o termo “atordoado”, reproduzindo o significado da palavra que ele próprio tentava distorcer. Foto Reprodução Redes Sociais

Deputado grava vídeos em Washington, distorce falas da imprensa e transforma encontro entre chanceler Mauro Vieira e secretário Marco Rubio em ataque desesperado ao governo brasileiro


Por Sandra Venancio

Perdido pelas ruas de Washington e sem agenda oficial, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) protagonizou mais um episódio de constrangimento internacional ao tentar sabotar as negociações entre Brasil e Estados Unidos, que vêm sendo conduzidas por representantes dos dois países para preparar um possível encontro entre Lula e Donald Trump.

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Na tentativa de se manter relevante entre os republicanos, o filho “02” do ex-presidente gravou vídeos improvisados em calçadas da capital americana, citando informações extraídas de um comentarista da Jovem Pan e tentando criar uma narrativa de fracasso diplomático. Eduardo se agarrou à palavra “atordoado”, usada por um jornalista para descrever o clima da reunião entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio, e passou a repeti-la em tom acusatório contra o governo brasileiro.

Em sua gravação, o deputado afirmou que o Brasil “não conseguiu nada” na reunião, citando como exemplos a manutenção das sanções contra Alexandre de Moraes e sua esposa, o não restabelecimento de vistos e a ausência de avanços sobre a crise na Venezuela. Sem qualquer prova, sustentou que “os EUA estão preocupados com a política brasileira”, ignorando que a conversa entre Vieira, Rubio e o representante comercial Jamieson Greer durou pouco mais de uma hora e foi descrita oficialmente como “muito positiva” por ambos os países.

Em um ato falho, o próprio Eduardo admitiu que soube do conteúdo da reunião pela imprensa — mais precisamente pela Jovem Pan —, revelando que não teve qualquer interlocução oficial com o Departamento de Estado. Mesmo assim, insistiu em dizer que “Mauro Vieira ouviu de Marco Rubio preocupações com as eleições brasileiras e o fim do lawfare”, afirmação sem respaldo em documentos ou notas diplomáticas.

Um dia antes, Eduardo havia aparecido em outro vídeo ao lado do bolsonarista exilado Paulo Figueiredo, em frente a um prédio público dos EUA, afirmando ter tido “reuniões de atualização” — sem citar com quem. O gesto foi interpretado por aliados como encenação política diante da perda de influência do clã Bolsonaro nos bastidores republicanos.

O desespero do deputado aumentou após Brasil e EUA divulgarem nota conjunta, elogiando o “clima construtivo e cooperativo” da conversa e anunciando “uma rota de trabalho conjunto”. A declaração, que não menciona Jair Bolsonaro, frustrou as tentativas de Eduardo de se colocar como interlocutor do trumpismo.

Sem conteúdo diplomático a apresentar, o parlamentar passou ao overposting — publicando memes, prints e definições de dicionário. Em uma das postagens, ironizou o termo “atordoado”, reproduzindo o significado da palavra que ele próprio tentava distorcer: “que se atordoou, que teve seus sentimentos perturbados, que deixou de ter noção lógica das coisas”.

A julgar pela escalada de publicações e pelo tom emocional, a definição pode ter se tornado um espelho perfeito do estado de espírito de Eduardo Bolsonaro diante do degelo entre Brasília e Washington.

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