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quinta-feira, novembro 21, 2024

Estudo mostra que o impacto da depressão na vida profissional é ampliado por problemas concomitantes

Data:

A depressão, conhecida por reduzir a produtividade de profissionais, pode causar prejuízos ainda maiores quando associada a outras condições como fadiga, problemas relacionados ao sono e ansiedade, de acordo com um estudo apresentado no 160º Congresso Anual da Associação Americana de Psiquiatria, realizado em San Diego1. O trabalho mostra ainda que a ocorrência simultânea de fadiga ou de transtornos ligados ao sono aumentam, significativamente, os custos de saúde relacionados à depressão.

A pesquisa utilizou dados de aproximadamente 14 mil funcionários de duas grandes empresas norte-americanas. Analisaram-se informações sobre gastos com saúde e presenteísmo (estimativa dos funcionários em relação à própria produtividade no trabalho) para avaliar o impacto da depressão e outras condições crônicas1.

Entre as dez condições físicas e mentais avaliadas mais prevalentes, a depressão apresentou o impacto mais negativo na produtividade profissional – efeito ampliado com a existência de fadiga, distúrbios do sono e ansiedade, problemas freqüentemente concomitantes ao transtorno depressivo. Além disso, enquanto a depressão influenciou significativamente na produtividade dos funcionários, mesmo quando não existiam outras condições associadas, cujas conseqüências na ausência de depressão não foram relatadas da mesma maneira1.

“Enquanto a depressão por si só tem um importante impacto econômico, os prejuízos no trabalho e nos custos relacionados à saúde podem ser consideravelmente aumentados quando funcionários deprimidos sofrem também de outros problemas”, explica C. Kessler, Ph.D., Professor de Políticas de Saúde da Harvard Medical School, Boston, EUA. “Estas constatações mostram que devemos identificar e minimizar os múltiplos fatores associados à depressão o quanto antes , a fim de reduzir sua sobrecarga.”, alerta Kessler.

Sobre o estudo1

Metodologia

Duas grandes empresas americanas avaliaram seus funcionários quanto à produtividade. A primeira amostra com 7.320 trabalhadores de uma indústria de tecnologia, enquanto a segunda, uma fábrica, possui 6.490 empregados. Estas companhias contrataram outra empresa independente para combinar a pesquisa com informações médicas e farmacêuticas numa única base de dados. Esta empresa de compilação de dados, de acordo com as leis norte-americanas de privacidade, excluiu todas as informações que poderiam levar à identificação dos pacientes. A partir de então, essa base de dados foi utilizada para comparar e contrastar os efeitos da depressão e de outras condições que freqüentemente ocorrem simultaneamente com a doença, como ansiedade, fadiga e problemas com sono crônicos, absenteísmo, produtividade no trabalho e custos diretos com saúde.

A produtividade foi medida com base na revisão de absenteísmo e por meio de perguntas aos funcionários sobre o nível de presenteísmo – a produtividade destes funcionários em dias que compareceram ao trabalho, porém não tiveram o desempenho dentro dos padrões normais –, utilizando o Questionário de Performance no Trabalho e Saúde da Organização Mundial da Saúde. Cada avaliação de funcionário foi comparada ao nível de produtividade média de todos os empregados da empresa. Análises estatísticas retroativas foram utilizadas para avaliar os efeitos dos problemas de saúde específicos no absenteísmo e na produtividade enquanto controle de utilização para medidas sócio-demográficas e de acordo com as queixas nos seis meses que antecederam a pesquisa. Resultados foram levados em conta para ajustar à diferença causada pelas perguntas não respondidas.

As amostras de funcionários foram geograficamente diversas, porém, os dados obtidos pelo estudo não podem ser considerados uma representação da população economicamente ativa norte-americana. Abaixo, um resumo das características dos funcionários:
Resultados adicionais

Entre as condições físicas e mentais mais prevalentes, a depressão teve o maior impacto negativo no desempenho profissional, seguida de fadiga, ansiedade, problemas crônicos de sono e obesidade. Condições dolorosas também apresentaram significativas implicações. Porém, quando as conseqüências de cada condição eram examinadas enquanto havia controle da depressão concomitante, o efeito independente da condição era reduzido. Isso sugere que outras condições avaliadas neste estudo tiveram maior impacto no trabalho quando somadas à depressão.

Em uma das companhias, a depressão não combinada à ansiedade ou fadiga/distúrbios do sono foi associada com 3,5% de redução no índice de presenteísmo, o que significa de sete a oito dias inteiros de trabalho por ano. A depressão com ansiedade ou fadiga/distúrbio do sono apresentou maiores efeitos negativos (de 6% a 8% de redução no índice de presenteísmo). Já quando o funcionário tinha depressão, ansiedade e fadiga/distúrbios do sono, o índice chegava a 13,2% de redução na graduação de presenteísmo.

Funcionários deprimidos tiveram uma média anual de custos em excesso para ambas as amostras de funcionários (US$ 4.132 e US$ 3.504 comparados a US$ 3.286 e US$ 2.653, respectivamente). Funcionários que relataram fadiga ou problemas com sono associados à depressão tiveram média anual de custos significativamente maiores do que as pessoas que tiveram apenas depressão (US$ 6.665 e US$ 5.306). Todos os resultados listados anteriormente demonstraram uma clara significância estatística com p<0.05 Ainda que ansiedade associada à depressão resultava em menores índices de desempenho no trabalho, os custos diretos com saúde não foram significativamente diferentes dos custos com funcionários apenas deprimidos. Sobre depressão O Transtorno Depressivo Maior (TDM) atinge cerca de 121 milhões de pessoas em todo o mundo1. A Organização Mundial para Saúde Mental estima que a doença será a segunda principal causa de incapacidade em 2020 no mundo, atrás apenas da doença isquêmica cardíaca2. A depressão pode ocorrer com qualquer pessoa, de qualquer idade, raça ou etnia, porém, as mulheres apresentam propensão cerca de duas vezes maior de apresentar a doença em comparação aos homens3. Apesar de ser um dos mais freqüentes distúrbios psiquiátricos no serviço de saúde primário4,5, a doença é geralmente subdiagnosticada e subtratada 2,6. Isso acontece devido ao fato das pessoas queixarem-se dos sintomas físicos muito mais freqüentemente comparativamente aos sintomas emocionais. Outro estudo apontou que 69% dos pacientes com TDM relataram apenas os sintomas físicos como o motivo pelo qual procuraram ajuda médica7. A completa resolução dos sintomas (remissão) é o objetivo final do tratamento da depressão. Eliminar completamente os sintomas físicos e emocionais da doença diminui expressivamente o risco do paciente ter futuras recaídas1.

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