Duran Duran passa pelo Brasil em três apresentações que misturaram novas canções e grandes hits da década de 80
Para quem pensa que a banda inglesa Duran Duran foi esquecida pelos fãs brasileiros, se engana. Sua passagem pelo país, nos dias 21, 22 e 23 de novembro, tirou o sono dos duranies – como são chamados os fãs – , arrancou suspiros de muitas mulheres – das mais maduras até as adolescentes – e derrubou lágrimas de vários marmanjos. A ausência de 20 anos por aqui – desde o festival Hollywood Rock, de 1988 – acarretou, até mesmo, plantões em frente aos hotéis nos quais os integrantes do grupo ficaram instalados.
Para muitos foi a realização de um sonho de adolescência ou, até mesmo, de uma vida inteira. E também não é para menos: os quatro músicos – Simon LeBon (vocais), Nick Rhodes (teclados), John Taylor (baixo) e Roger Taylor (bateria) – , integrantes da formação original, que por sinal estava quase inteira, faltando apenas o guitarrista Andy Taylor, mostraram que, embora cinquentões, ainda têm a energia daqueles rapazes bonitinhos, com cabelos pintados e roupas coloridas, que conquistaram o mundo nos anos 80. Como apoio estavam a vocalista Anna Ross, o guitarrista Dom Brown e o saxofonista Simon Willescroft, que também realizaram um trabalho de primeira.
Os músicos fizeram duas apresentações em São Paulo, nos dias 21 e 22, e partiram para o Rio de Janeiro no dia 23. Embora as apresentações tenham sido parecidas, alguns fãs compareceram em todas ou, pelo menos, em duas delas. Há também os que foram ao show realizado na Argentina, no dia 7 do mesmo mês. Para outros, que não tiveram a mesma sorte, ou o mesmo dinheiro, a saída foi chegar cedo na fila para garantir um bom lugar naquela que seria a única oportunidade. No sábado, por exemplo, os primeiros a chegar estavam em frente à casa de espetáculos desde o meio-dia e meia.
Na companhia de amigos antigos ou fazendo novos, cantando, rindo, deixando a fila para comer, beber e ir ao banheiro, e até tomando chuva, muita chuva. Assim foram as várias horas de espera. Oito da noite, os portões se abrem. É hora de correr rumo à pista, seja ela vip ou simples. O importante era correr. Os mais espertos grudaram nas grades, melhor ainda se foi na direção do tapete vermelho, onde o frontman Simon LeBon ficaria.
22 horas: pontualidade britânica. O início do show se deu com The Valley, do álbum mais recente, Red Carpet Massacre, de 2007, passando pelo primeiro hit da banda, Planet Earth, lançada em 1981, e pelas clássicas Hungry Like the Wolf, Notorious, Come Undone e Wild Boys, além das baladas Save a Prayer e Ordinary World. A trilha sonora do filme 007 – Na Mira dos Assassinos, A View to a Kill, também fez parte do set list, que foi fechado com a apresentação e solos dos integrantes durante a música Girls on Film e teve como grande final, Rio.
Após 20 anos sem apresentações por aqui e 30 de carreira, os caras do Duran Duran mostraram estar em forma. A voz de Simon LeBon está melhor que nunca: forte e afinada; o seu carisma e energia também. Ele parecia um garotão de 20 anos no palco. Pulando, dançando, fazendo caras e bocas. Quem também não deixou a desejar foi o baixista John Taylor, que interagiu bastante com o público e tocou seu baixo como se estivesse brincando. Já Nick Rhodes, o dono da banda, manteve o ar intelectual de sempre, comandou seu teclado brilhantemente e ainda teve tempo para tirar fotos dos espectadores. E Roger Taylor mostrou que os anos longe do Duran Duran não tiraram o seu talento e, mesmo com sua imagem tranqüila, detonou na bateria e mostrou que não perde nem um pouco para o xará da banda Queen.
“Fiquei muito emocionada durante a primeira música, quando eles entraram no palco, pois aqueles caras que sempre vi nas revistas, na internet e na TV estavam muito próximos, a menos de três metros de distância. Vi que eles realmente existem. Apesar da chuva, do frio e do cansaço, eu faria tudo de novo para ter essa sensação por, pelo menos, dois minutos. Eles tocaram e cantaram como eu sempre imaginei e sonhei”, relata Danielle Tostes de Oliveira.
Embora o Duran Duran esteja bem moderninho, tanto em suas músicas atuais, quanto em suas atitudes, o público se dividiu entre a tecnologia e recordações dos anos 80 durante as apresentações: nas canções mais lentas foi possível notar a mistura das luzes dos celulares, pulseiras de néon (aquelas utilizadas em formaturas e casamentos) e até mesmo isqueiros. Sim, alguns fãs, mesmo que poucos, fizeram questão de manter a chama dos anos 80 acesa.
Após duas horas de show, o público ainda desejava mais. Pelo menos o dobro do tempo. Rostos cansados, mas satisfeitos, felizes e realizados. Choro de felicidade e, ao mesmo tempo, de tristeza, ao imaginarem se a banda retornará ao país em breve ou se vai demorar mais 20 anos para isso. Dúvida, agitação, fome, sede, tristeza, euforia, alegria! Uma mistura de sentimentos que somente um show como o Duran Duran pode trazer à tona. Uma noite e tanto, para ser guardada em fotos e na memória.
Ana Paula Bertran