Comissão inicia trabalhos com recorde de 910 requerimentos; oposição pressiona por convocação de Bolsonaro
Por Sandra Venancio – Foto Reprodução Linkedin
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o rombo bilionário no INSS estreia nesta terça-feira (26) já sob clima de guerra política. Com 910 requerimentos protocolados — a maioria de convocação de ex-ministros e dirigentes —, a oposição força para colocar Jair Bolsonaro (PL) na linha de frente dos depoimentos, enquanto governistas articulam para responsabilizar o antigo governo pelas fraudes desvendadas pela Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU).
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Entre os alvos mais visados está Antônio Carlos Camilo Antunes, o “careca do INSS”, com 15 pedidos para ser ouvido, além de solicitações de quebra de sigilo bancário e relatórios do Coaf. O ex-ministro do Trabalho e Previdência, Ahmed Mohamad Oliveira Andrade — que chefiou o INSS no governo Bolsonaro sob o nome de José Carlos Oliveira — já acumula 13 convocações.
O ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto aparece logo atrás, com 12 pedidos. Já o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) soma 11, incluindo solicitações de quebra de sigilo telemático e bancário. O atual ministro, Wolney Queiroz, também entrou na mira: oito convocações e convites para depor.
Até agora, 65% dos pedidos partiram do Senado e, em sua maioria, de parlamentares da oposição. No total, são 420 convocações, 59 convites e 178 pedidos de quebras de sigilo, além de 172 solicitações de relatórios de inteligência financeira (RIFs) ao Coaf.
O ambiente esquenta também na disputa pela vice-presidência da comissão. A oposição defende o nome do deputado Marcel van Hatten (Novo-RS), o que consolidaria uma mesa hostil ao governo. O Planalto, por sua vez, tenta emplacar Duarte Jr. (PSB-MA), visto como moderado.
O presidente da CPMI, Carlos Viana (Podemos-MG), garante que não vai “politizar” os trabalhos. Já o relator Alfredo Gaspar (União-AL) sinalizou que pode ampliar as apurações para incluir fraudes em empréstimos consignados.
Números da CPI
- 910 requerimentos protocolados até agora;
- 420 convocações e 59 convites para depoimentos;
- 178 pedidos de quebras de sigilo, sendo 147 bancários, 16 fiscais, 12 telemáticos e 3 telefônicos;
- 172 pedidos de relatórios de inteligência financeira (RIFs) ao Coaf;
- 65% dos requerimentos vieram do Senado;
- 75% das solicitações foram feitas por parlamentares da oposição.
A CPMI terá 32 membros titulares (16 deputados e 16 senadores) e funcionamento inicial de seis meses, podendo ser prorrogada.