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quinta-feira, novembro 21, 2024

Deltan manipulou opinião pública para pressionar STF e perseguir Lula

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Procurador da Lava-Jato organizou ações junto a movimentos que apoiaram o golpe de 2016. Durante uma das articulações, ele chega a chamar uma procuradora Thaméa Danelon de sua “laranja”

Não há mais dúvidas que Deltan Dallagnoltransformou a Lava Jato em seu instrumento político e fez da operação mecanismo de perseguição àqueles que ele julga ‘inimigos’. As últimas mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil revelam que o procurador usou grupos políticos “anticorrupção” supostamente “apartidários” como “laranjas” de suas pretensões políticas. O objetivo era manipular a opinião pública a favor da Operação Lava Jato e pressionar oSupremo Tribunal Federal a favor da prisão em segunda instância, com o claro objetivo de prejudicar Lula.

Sempre agindo nas sombras, Deltan orientou no início de 2018 os movimentos Vem pra Rua e Mude a pressionarem o ministro do STFAlexandre de Moraes, a se posicionar a favor da prisão em segunda instância, prejudicando diretamente o ex-presidente, obsessão da Lava Jato, de Sérgio Moro e de Dallagnol. Deltan também articulou um abaixo-assinado de juízes e procuradores favoráveis à prisão em segunda instância.

“Vou te propor ser laranja em outra coisa que estou articulando”

Dias após a condenação do ex-presidente no caso do triplex do Guarujá pelo TRF-4, Deltan entrou em contato com Thaméa Danelon, procuradora da Lava Jato em São Paulo. O objetivo dele seguia sendo pressionar Moraes para votar em favor da prisão em segunda instância. Porém, dessa vez ele pediu que fosse criado um segundo abaixo-assinado assinado pela sociedade e não só por procuradores e juízes.

“Se Vc topar, vou te pedir pra ser laranja em outra coisa que estou articulando kkkk”, escreveu Deltan que recebeu o sinal positivo por parte de Thaméa. “Um abaixo assinado da população, mas isso tb nao pode sair de nós… o Observatório vai fazer. Mas não comenta com ng, mesmo depois. Tenho que ficar na sombra e aderir lá pelo segundo dia. No primeiro, ia pedir pra Vc divulgar nos grupos. Daí o pessoal automaticamente vai postar etc”, explicou Dallagnol.

A ação saiu do papel e Dallagnol, satisfeito com a repercussão, foi comemorar com a colega Thaméa: “Temos que cuidar pra não parecer pressão. Se não estivéssemos na LJ, o tom seria outro kkkkk. Ia chutar o pau da barraca rs. Depois chutava a barraca e eles todos tb kkk”. A procuradora responde: “Eu colocava todos na barraca e metralhava kkkk”.

Deltan também trocou mensagens com um assessor de comunicação do MPF, buscando material que pudesse ser usado pelo Vem Pra Rua e pelo Mude para constranger o ministro. “Se tivermos um vídeo bem claro, será top. Um vídeo viraliza”, diz Deltan ao assessor, solicitando material para os grupos políticos fazerem uso.

Horas mais tarde, o assessor encaminha um vídeo e acrescenta: “Cortei o vídeo ‘grosseiramente’ para deixar só a fala sobre execução provisória. não acrescentei legenda, nada, e reduzi a resolução para viralizar mais fácil”. O assistente informa que o Vem Pra Rua já publicou o vídeo no Facebook, e Deltan comemora e agradece: “Top Assesor 1. HAHAHAAH SENSACIONAL. VC É DEMAIS!!”.

Manipulação nas redes sociais

O procurador chama Thaméa novamente e pede que ela ajude no compatilhamento do vídeo, dando sugestões até mesmo para a legenda: “Da pra compartilhar dizendo: certamente AM vai votar pela prisão… não teria razão pra mudar de opinião que tem desde 2009 agora…”. A procuradora consente e diz que fez o post como orientada, e Dallagnol repsonde: “Boa Tamis, acho que é por aí. É uma mensagem que deposita confiança e ao mesmo tempo empareda”, evidenciando a tentativa de manipulação da opinião pública e a importãncia de pressionar o ministro do STF.

Dias depois da troca de mensagens e dos posts nas redes sociais, Alexandre de Moraes votou a favor da execução da pena do deputado federal João Rodrigues (PSD-SC), que havia sido condenado em segunda instância. Dessa maneira, ficou claro que o ministro votaria a favor do cumprimento da pena do ex-presidenteLula.

O substituto de Teori

Em janeiro de 2017, Teori Zavascki, então ministro do STF, morreu em acidente aéreo. Sua cadeira no Supremo ficou vaga, assim como o posto de relator dos processos da Lava Jato na Corte, responsável pelos casos envolvendo políticos com foro privilegiado. Os candidatos a ocupar a posição eram os ministros da 2ª turma: Toffoli, Gilmar Mendes, Lewandowski e Celso de Mello. Nenhum destes nomes agradava Deltan, que reclamou da falta de opção ao líder do Mude, Fabio Alex Oliveira.

“Não posso posicionar a FT publicamente, mesmo em off, quanto a Ministros que seriam bons, pq podemos queimar em vez de ajudar. Falei os 4 que seriam ruins, que Toff, Lewa, Gilm e Marco Aur”, escreveu no dia seguinte à morte de Zavascki. Deltan então foi questionado pelos movimentos Mude e pelo Vem Para Rua “sobre quem seria ideal pra assumir a posição do Teori”. Uma semana depois, Dallagnol expressou preocupação em relação aos possíveis nomes a ocupar a vaga, pedindo aos colegas da força-tarefa que dissessem aos jornalistas, em off, que temiam por qualquer uma das opções.

A bipolaridade com Fachin

Em conjunto, os integrantes do grupo de telegram Filhos do Januário 1 consideraram importante pressionar o  STF a não definir a questão por sorteio. Para isso, os colegas delegariam grupos políticos a pressionarem os ministros. O procurador Paulo Roberto Galvão alertou para a importância da discrição: “se houver um movimento social, sem vinculação conosco, contra o sorteio, aí pode ter algum resultado…”.

No dia seguinte, 1º de fevereiro, o ministro Edson Fachin solicitou mudança para a 2ª turma. No entanto, os procuradores da Lava Jato preferiam Luís Roberto Barroso. Deltan relatou à procuradora Anna Carolina Resende que fez o pedido ao ministro, que tem ressalvas quanto à migração para a 2ª turma: “Ele ficou alijado de todo processo. Ninguém consultou ele em nenhum momento. Há poréns na visão dele em ir, mas insisti com um pedido final. É possível, mas improvável.”

No mesmo dia, Dallagnol conversou também com Patrícia Fehrmann, líder do Mude, e pediu para os movimentos compartilhassem o texto do jurista Luis Flavio Gomes que criticava Mendes, Lewandowski e Toffolli. O Mude e o Vem Pra Rua reproduziram a visão do jurista. No fim, Fachin migrou para a 2ª turma e foi sorteado como relator da Lava Jato, o que foi comemorado por Deltan: “Fachin foi coisa de Deus”, afimou a Fábio Oliveira, do Mude.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do The Intercept Brasil

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