Vice-presidente afirma que Brasília intensifica diálogo com indústria, agropecuária e Washington para reverter sobretaxa de 50% anunciada pelos EUA
O governo federal trabalha para resolver o impasse tarifário com os Estados Unidos antes do dia 1º de agosto, prazo anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para início da cobrança de uma tarifa de 50% sobre produtos originários do Brasil. A afirmação foi feita na tarde desta terça-feira (15/7) pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, após reuniões com representantes de setores estratégicos da indústria e da agropecuária.
De acordo com Alckmin, o Planalto intensificou o diálogo com empresários exportadores, associações de classe e autoridades diplomáticas norte-americanas para tentar barrar a medida, que pode gerar impactos bilionários para a balança comercial brasileira. “Estamos confiantes em uma solução negociada. É fundamental garantir a competitividade dos nossos produtos e proteger empregos e investimentos aqui no Brasil”, declarou o vice-presidente.
O governo brasileiro avalia que a nova tarifa, defendida por Trump como forma de pressionar o Brasil em disputas políticas, pode afetar principalmente setores como agronegócio, siderurgia, mineração e parte da indústria de bens de consumo. Empresários do setor agrícola já alertaram para o risco de perdas severas de mercado, uma vez que os Estados Unidos são um dos principais destinos das exportações brasileiras.
Desde o anúncio da tarifa, técnicos do Itamaraty, do MDIC e do Ministério da Agricultura trabalham em alternativas diplomáticas, que incluem o reforço de negociações bilaterais e o acionamento de fóruns internacionais de comércio. Internamente, o Palácio do Planalto também tenta unificar o discurso para evitar atritos políticos, após declarações desencontradas de governadores e lideranças ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A expectativa de Brasília é chegar a um entendimento antes do início da vigência da sobretaxa, em um momento de tensão global no comércio internacional. “Nossa prioridade é o diálogo. Não podemos aceitar barreiras que prejudiquem a economia brasileira”, afirmou Alckmin.
Enquanto isso, setores produtivos mantêm o alerta e pressionam o governo por respostas rápidas, temendo reflexos diretos em contratos já firmados, cadeias de fornecimento e empregos.
Presidentes da CNI e da Fiesp dizem confiar na capacidade de negociação do Governo
Ricardo Alban, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e Josué Gomes da Silva, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), manifestaram otimismo e afirmaram a jornalistas, ao final de reunião mantida com representantes do Governo Federal na manhã desta terça (15/7), que as relações comerciais e diplomáticas com os Estados Unidos serão mantidas como antes da imposição de sobretaxas por parte de Donald Trump, presidente daquele país.
“Temos absoluta confiança de que os mais de 200 anos de relações diplomáticas não vão se romper dessa maneira. E temos absoluta confiança na capacidade negociadora do MDIC e do MRE”, disse o presidente da Fiesp, em referência aos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e de Relações Exteriores. “Nós vamos chegar a bom termo”, completou.
Em geral, o governo Trump usa tarifas de 10% a 25% como patamar padrão, podendo dobrar em casos de retaliação (China, Turquia). A nova ameaça ao Brasil (50%) é muito mais alta do que o padrão usado anteriormente — reforçando o caráter de pressão política e sinal para eleitores protecionistas