O novo governo Temer, segundo o economista Brunno Sibin deve encarar uma série de desafios. Com a saída da ex-presidente Dilma, o setor ainda enfrentará dificuldades, a confiança das famílias e dos empresários para a retomada do crescimento dependerá das políticas executadas.
Bruno Sibin diz que primeiro deve-se entender a situação econômica do país, pois a situação econômica é o reflexo da interação entre fatores internos e externos que foram se consolidando nos últimos anos. “A economia brasileira vem sofrendo um processo de deterioração através do esgotamento da expansão do consumo, da capacidade de endividamento das famílias e da estagnação da taxa de investimento. Em relação aos fatores externos, o principal fenômeno é a desaceleração do crescimento chinês”, diz.
O governo Dilma buscou recuperar a taxa de investimento da economia, seja por intermédio da desoneração fiscal para alguns segmentos produtivos, pelo programa de concessões para estimular o aumento do investimento privado em infraestrutura e logística. Por conta dessa política, Sibin acredita que isso teve um duplo impacto negativo ao governo. A aprovação do governo Dilma estava em torno de 80% no final de 2010, e em 2016 caiu para 10%, segundo a pesquisa Ibope. “Em curto prazo, o impeachment da presidente acaba sendo visto como um fator indutor de retomada de confiança para a população”, afirma.
Em relação a economia, o desempenho acumulado das vendas do comércio varejista entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016, segundo o IBGE, foi de -5,3%. Com exceção do segmento de produtos fármacos e de perfumaria, que no período, cresceu 2,9%, assim, todos os outros setores apresentaram desempenho negativo. O pior resultado foi para o segmento de móveis e eletrodomésticos, que teve redução de 16% no volume de vendas. Analisando o varejo ampliado, o setor de comércio de veículos e peças também teve forte redução no volume de vendas, da ordem de 17%. Projeções do mercado indicam que no ano de 2017 o comércio varejista volte a ter desempenho positivo, com crescimento de 1% no volume de vendas.
De acordo com Sibin, o cenário político-econômico é de grande incerteza. “As previsões mais otimistas indicam que apenas a partir do segundo semestre de 2017 começaremos a ter respostas mais positivas sobre as principais variáveis econômicas. Sendo assim, torna-se extremamente difícil prever oportunidades de investimento”, diz.
A expectativa do mercado e do Banco Central para os próximos anos indica a continuidade do aumento da dívida bruta. Em 2016, Sibin apostou que PIB ficaria em queda de 3%. Para 2017, a expectativa é de algo próximo de 0%.
Com a atual crise, Sibin acredita que mais importante do que saber onde investir é a capacidade de resiliência das pessoas, de se permanecer imune após os efeitos da crise. “É fundamental que as pessoas procurem manter a sustentabilidade da relação entre receitas e despesas, bem como evitar a expansão da participação de dívidas sobre o orçamento familiar”, acrescenta.