Presidente reafirma abertura ao diálogo, mas defende soberania e critica tarifaço imposto pelos EUA sobre produtos brasileiros
Por Sandra Venancio – Foto Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu neste domingo (4) às declarações de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que afirmou recentemente que “Lula pode ligar pra mim quando quiser” para discutir as novas tarifas sobre produtos brasileiros. Em sua manifestação nas redes sociais, Lula reiterou que o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo, mas deixou claro que o país não aceita qualquer forma de interferência sobre sua soberania e suas instituições democráticas.
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“Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano”, declarou o presidente.
A resposta ocorre após Trump anunciar, na última sexta-feira (1º), a imposição de uma tarifa de 50% sobre parte das exportações brasileiras aos Estados Unidos. Apesar da elevação das taxas, o governo norte-americano retirou cerca de 700 itens da lista da sobretaxa. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), aproximadamente 44,6% das exportações brasileiras para os EUA ficaram de fora da tarifa, enquanto cerca de 35% serão diretamente afetadas.
Lula afirmou que o interesse do Brasil neste momento é exclusivamente comercial, buscando discutir com os EUA as razões que fundamentaram o tarifaço e os impactos para as empresas brasileiras. Ao mesmo tempo, o presidente reforçou que qualquer negociação deve respeitar os princípios democráticos e os interesses do povo brasileiro.
A fala do presidente também foi interpretada como uma resposta indireta a declarações anteriores de Trump e de aliados bolsonaristas nos EUA, que vêm tentando interferir no cenário político brasileiro por meio de pressões internacionais e declarações públicas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e outras instituições.
Nos bastidores, o Itamaraty avalia possíveis medidas diplomáticas e comerciais para reduzir os impactos da nova política tarifária americana. Enquanto isso, Lula sinaliza que o país não se dobrará a pressões políticas externas: “Sempre estivemos abertos ao diálogo. Mas quem governa o Brasil é o povo brasileiro”.