Governo Lula prepara medidas para indústria, agro e exportadores; Fazenda promete ações equilibradas e rápidas frente às sanções de Trump
Por Sandra Venancio | Brasília
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na manhã desta quinta-feira (31) que o Governo Federal prepara um pacote emergencial de medidas para proteger empregos, empresas e cadeias produtivas brasileiras afetadas pelo tarifaço de até 50% imposto pelos Estados Unidos. As ações, segundo ele, devem ser anunciadas “nos próximos dias”.
Clique aqui para fazer parte da comunidade do Jornal Local de Campinas no WhatsApp e receber notícias em primeira mão.
Em entrevista concedida a jornalistas na entrada do Ministério da Fazenda, em Brasília, Haddad revelou que o governo já havia desenhado um plano de contingência diante da possibilidade de retaliações comerciais por parte do governo Trump, e que agora está calibrando esse plano com base na lista definitiva de produtos brasileiros afetados pelas novas tarifas.
“Agora nós vamos calibrar, à luz do que foi anunciado ontem, para que aconteça o mais rápido possível”, disse o ministro. Ele informou que os atos normativos estão sendo finalizados no âmbito da Fazenda e seguirão para apreciação da Casa Civil, antes do anúncio oficial por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As medidas, segundo Haddad, incluirão estímulos fiscais, linhas de crédito e apoio direto a setores estratégicos da indústria e do agronegócio. O objetivo é preservar empregos e garantir a continuidade das exportações brasileiras em meio ao novo cenário de tensão comercial com os Estados Unidos.
“O tratamento será equilibrado para todos os setores impactados, independentemente do seu peso na balança comercial. Estamos analisando pelo efeito em cada segmento, não pelo tamanho. A cada um, segundo a sua necessidade”, afirmou Haddad.
O tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump atingiu cerca de 35,9% das exportações brasileiras, segundo estimativa divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Outros 44,6% das exportações foram poupados graças à lista de exceções publicada pela Casa Branca, que incluiu itens como petróleo, minério de ferro e aviões. Ainda assim, setores como calçados, máquinas, produtos químicos e alimentos processados devem sofrer perdas imediatas de competitividade no mercado norte-americano.
Negociações continuam
Assim como em nota oficial emitida ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não comemorou o fato de o tarifaço ter poupado aproximadamente 700 produtos brasileiros das sanções – um evidente recuo de Donald Trump em relação a suas primeiras ameaças -, o ministro da Fazenda foi cauteloso e destacou que nenhuma das medidas deveria ter sido tomada pelo governo estadunidense.
Nos bastidores, o governo trabalha também com a possibilidade de adotar medidas diplomáticas e comerciais junto a organismos internacionais, como a OMC, além de buscar apoio de outros países da América Latina e Europa que também foram afetados pela política protecionista de Washington.
A expectativa é que o anúncio oficial das medidas ocorra na próxima semana, em evento conjunto entre os ministérios da Fazenda, Desenvolvimento e Agricultura. Até lá, o governo pretende concluir a análise detalhada do impacto por segmento e o desenho dos mecanismos de apoio direto.