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domingo, outubro 19, 2025
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Mais um crime ambiental na APA

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Devastação irregular provocou o assoreamento de três lagos na Fazenda Santana. Os novos loteamentos e condomínios do distrito de Sousas provocaram o desaparecimento completo de dois lagos, além da diminuição de 60% da água de um terceiro lago.
“Antigamente eu vinha nadar e pescar nestes lagos. Hoje não sobrou nada. Fico muito triste ao ver esta realidade”, comenta o sousense Vlademir Franco Salgado. “Os loteamentos e condomínios fizeram os lagos desaparecerem. Assisto de perto esta degradação há 1 ano e meio”, continua o açougueiro Salgado, responsável pela denúncia.
Localizados dentro de uma propriedade particular, os lagos perderam a sua profundidade. Em sua época de ouro, os lagos recebiam mais de 100 pescadores por dia. Eram muitas tilapias, lambaris, bagres e traíras. “Em poucos minutos de pescaria eu enchia uma lata. Era uma alegria imensa”, relembra Salgado. Tucanos, patos e garças ainda sobrevoam o local, mas em quantidade muito menor que antigamente.
O gado que é criado no local não pode mais beber a água dos lagos. O único lago que ainda possui 40% de água não é acessível para as vacas da fazenda. A tubulação, que antigamente fazia a passagem de água para os lagos, agora está preenchido com terra e mato, impedindo a água de passar. “Isso provoca a seca dos rios”, comenta Salgado.
Assoreamento é a obstrução de rios por sedimentos, areia ou detritos. O termo designa à sedimentação acelerada por processos de ocupação do espaço geográfico pelo homem em atividades como desmatamento, urbanismo, entre outros processos. É uma das causas de morte de rios, devido à redução de profundidade. O homem acelera este processo com os desmatamentos e construções. “Condomínios só são bons quando não provocam esta destruição. Assim eles estão estragando a natureza”, diz Salgado.
A área que provocou o assoreamento é proveniente de desmatamentos excessivos que dão lugar para as construções. Sem a proteção das matas, os lagos recebem diretamente a areia, que se deposita sob a água. A rede de esgoto instalada no local provocou a mudança do solo e o deslocamento de terras, que também causa o assoreamento dos lagos. A declividade do terreno é outro fator que provoca a erosão.
Em bacias hidrográficas, o processo de erosão se relaciona intimamente com o assoreamento, já que o transporte destes materiais ocorre durante o processo. O aumento da erosão é diretamente proporcional ao aumento do assoreamento, sendo um a conseqüência do outro. A erosão mais efetiva na produção do assoreamento é originada por processos onde atua a água, seja na forma de chuva, rios e lagos. O assoreamento pode matar um lago. No caso de rios, pode provocar uma drástica mudança em seu curso.
O comprometimento do ecossistema da região é evidente, devido à situação atual. “É uma situação alarmante e que deve ser solucionada o mais rápido possível”, alerta Salgado. A taxa de oxigênio do lago é diminuído devido ao assoreamento, uma vez que a turves da água impede a entrada de raios solares, evitando a fotossíntese. O aquecimento provocado pela diminuição da lamina d’água, combinado com a dificuldade de dissolver oxigênio, faz com que o único lago que ainda tem água não consiga ter peixes.
A solução para o local é impedir a erosão. “Daqui umas quatro ou cinco chuvas pesadas este lago pode até desaparecer”, teme Salgado. “Seria uma perda inigualável para o distrito de Sousas”, completa.

Após a denúncia do açougueiro Vlademir Franco Salgado, o empresário Antônio Carlos Gídaro averigou a denúncia e entrou com representação junto ao Ministério Público no dia 03 de setembro. Um boletim de ocorrência foi registrado junto à Guarda Florestal e ao Conselho Gestor da APA – Congeapa. O BO foi protocolado junto à Prefeitura Municipal de Campinas para que a apuração do crime seja feita e as devidas providencias possam ser tomadas.

Por Luiza Chelegon Cúrcio

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