Deputado usa visto de turista, prestes a vencer, para permanecer nos EUA e articula com aliados de Trump sanções contra o STF, tarifas sobre o Brasil e proteção à família Bolsonaro
Por Sandra Venancio Jornal Local – Foto Lula Marques/Agencia Brasil
Sem foro privilegiado e sob pressão judicial no Brasil, Eduardo Bolsonaro tem atuado nos Estados Unidos para obter asilo político e converter sua permanência em residência definitiva. A estratégia envolve lobby com republicanos influentes, tentativa de interferência em decisões brasileiras e articulação por anistia aos envolvidos no 8 de janeiro — inclusive seu pai, Jair Bolsonaro.
Atualmente nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro permanece com um visto de turista válido por até seis meses. O documento — que vence em agosto — foi concedido sem intenção de residência definitiva. Com o prazo se esgotando, o deputado indicou que considera pedir asilo político, o que abriria caminho para solicitar o green card — visto de residência permanente. Fontes da ala conservadora alegam que ele já teria conseguido esse status com apoio do ex-presidente Donald Trump e do senador Marco Rubio, porém não há confirmação oficial por parte do governo americano ou da embaixada dos EUA.
A principal ponte de Eduardo nos EUA é o comentarista e empresário Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador João Figueiredo. Ambos têm mantido contato com líderes do Partido Republicano, incluindo o deputado Cory Mills (Flórida) e o senador Marco Rubio, com quem discutiram sanções contra ministros do STF, restrições de visto para autoridades brasileiras e tarifas comerciais contra o Brasil.
Paulo Figueiredo é conhecido por sua proximidade com Trump e esteve envolvido em iniciativas fracassadas de negócios com o ex-presidente, além de ser citado em denúncias de corrupção. A aliança entre ele e Eduardo visa influenciar a agenda política de extrema-direita nos dois países.
Alegação de perseguição e manobras internacionais
Eduardo Bolsonaro afirma estar sendo perseguido politicamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente pelo ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, a perda da imunidade parlamentar, o risco de ter o passaporte retido e o bloqueio de bens justificariam seu pedido de refúgio político.
Nos EUA, Eduardo tem comemorado ações do governo Trump, como a revogação de vistos de ministros brasileiros e o tarifaço de até 50% sobre produtos nacionais. Para ele, essas medidas funcionam como forma de “fazer o sistema pagar” pelos que considera abusos judiciais no Brasil.
Oficialmente, Eduardo busca se proteger judicialmente e atuar em defesa da liberdade de expressão e da “oposição política brasileira” no exterior.
No entanto, sua movimentação indica objetivos mais amplos:
- Pressionar o governo dos EUA a adotar medidas punitivas contra o STF e o governo Lula;
- Garantir anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023;
- Evitar que Jair Bolsonaro seja condenado ou perca seus direitos políticos;
- Consolidar-se como principal elo entre a extrema-direita brasileira e a ala MAGA americana.
Lobby internacional por impunidade e retorno ao poder
A presença de Eduardo Bolsonaro nos EUA não é apenas exílio político ou busca de proteção pessoal. Ela representa uma estratégia coordenada para manter influência, proteger a família Bolsonaro e desestabilizar o sistema judiciário brasileiro com apoio externo. Mesmo sem um visto diplomático ou qualquer cargo oficial, o deputado transformou seu exílio voluntário em uma plataforma de lobby internacional, mirando impunidade pessoal e o retorno de Jair Bolsonaro à cena política.