Acordo com a Associação Dakila Pesquisas, conhecida por teorias pseudocientíficas, foi encerrado por “falta de resultados” após repercussão negativa
POR SANDRA VENANCIO – Foto Rovena Rosa/Agencia Brasil
O governo do estado de São Paulo encerrou, no fim de 2024, uma polêmica parceria com a Associação Dakila Pesquisas, liderada por Urandir Fernandes de Oliveira — conhecido pelas teorias de conspiração sobre a fictícia cidade de Ratanabá e o personagem “ET Bilu”.
O protocolo de intenções, assinado em junho de 2024, previa apoio a supostas pesquisas sobre o Caminho do Peabiru, rota pré-colombiana que, de fato, cruzava partes da América do Sul e está associada a antigos caminhos indígenas. O acordo, no entanto, ganhou repercussão negativa após ser revelado pela imprensa que a iniciativa envolvia uma organização ligada a pseudociência e afirmações sem base histórica
A parceria foi firmada pela Secretaria de Turismo e Viagens e divulgada no site oficial do governo, que chegou a reproduzir afirmações infundadas como a de que as trilhas do Peabiru teriam atravessado o oceano Atlântico até o Monte Nemrut, na Turquia — algo considerado impossível sob qualquer critério arqueológico, histórico ou geográfico.
A Associação Dakila alegou que o próprio governo estadual procurou a entidade, reconhecendo seu “trabalho de pesquisa” e formalizando a proposta de cooperação. Em nota, criticou o recuo do governo, atribuindo-o à “pressão midiática” e acusando a gestão estadual de falta de firmeza para sustentar suas próprias decisões.
Diante da repercussão e do descrédito científico da entidade, o governo de São Paulo afirmou que o protocolo foi encerrado oficialmente devido à “falta de resultados ou avanços sobre a temática”.
Urandir Fernandes de Oliveira é figura conhecida por promover teorias conspiratórias sem comprovação, como a existência de civilizações secretas na Amazônia e a suposta presença alienígena na Terra. Seu nome se popularizou após a criação do personagem ET Bilu e a divulgação de vídeos virais com promessas de “busquem conhecimento”.
O caso levanta novamente o debate sobre a responsabilidade de governos ao associar-se a entidades com histórico de pseudociência e desinformação.