Esta semana, acontece na Unicamp, o 19º Congresso de Leitura do Brasil (COLE), o maior e mais importante congresso de leitura do país. Segundo o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf), foi alcançado avanços significativos nos níveis básicos de alfabetização, mas praticamente nada mudou em relação à alfabetização plena. O percentual da população alfabetizada funcionalmente foi de 61% em 2001 para 73% em 2011, mas apenas um em cada quatro brasileiros domina plenamente as habilidades de leitura, escrita e matemática. Ou seja, a melhora no nível de escolaridade da população não têm correspondido a ganhos equivalentes no domínio dessas habilidades.
Segundo o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), a porcentagem de adolescentes brasileiros que aprecia ir a uma livraria ou biblioteca e que tem na leitura seu passatempo favorito permaneceu constante nos últimos dez anos. Há evidências, no entanto, de importantes progressos no que diz respeito ao acesso a livros e ao número de títulos publicados e às tiragens. Em particular, o Brasil alcançou a meta de ao menos uma biblioteca pública em cada município. Mas apesar da expansão do número de bibliotecas, a porcentagem de brasileiros que as utiliza permanece estagnada.
“Educar para ler é uma missão que requer esforço, concentração e criatividade, principalmente em uma época com excesso de informações midiáticas e escassez de tempo, como a nossa. Logo, é fundamental que a biblioteca seja viva e se prepare para atrair e reter usuários com estratégias pensadas e sistematicamente ofertadas aos seus vários públicos”, diz Christine Fontelles, socióloga e diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, que participará de uma oficina no COLE sobre “Leitura e Escrita de Qualidade para Todos”.
Atualmente, 72,5% das escolas públicas brasileiras não têm biblioteca e menos de 20% das instituições construídas desde 2008 têm biblioteca. O Ecofuturo lidera uma campanha chamada “Eu quero minha biblioteca”, cujo objetivo é fazer ser cumprida a lei 12.244/10, instituída em 2010, pela qual cada escola pública e privada do país deve ter uma biblioteca até 2020. Mas, para Christine, não há jornada sem o apoio de um leitor, como, por exemplo, um bibliotecário leitor. Muitos outros passos podem – e precisam ser dados – para mudar o cenário atual. Mas, claramente, a disponibilidade de profissional fixo – e preparado – na biblioteca e atividades dirigidas realizadas pelo professores nesse espaço são fundamentais. Disponibilidade e atratividade devem ter o mesmo peso quando o assunto é livro.