Pressionado pelo preço dos alimentos e de energia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decide nesta quarta-feira (7) em quanto elevará a taxa básica de juros, a Selic. Apesar da resistência da inflação, a perspectiva de desaceleração econômica global deve favorecer que essa seja a última alta antes de uma pausa no ciclo de aperto monetário.
Se o aumento for confirmado, será a sexta elevação consecutiva da Selic. Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a taxa básica deve subir 0,5 ponto percentual nesta reunião, de 14,25% para 14,75% ao ano.
No comunicado da última reunião, em março, o Copom confirmou que elevaria os juros básicos em “menor magnitude” na reunião de março, após três altas seguidas de 1 ponto percentual. O comunicado não informou o que aconteceria depois da reunião de maio. Apenas afirmou que a economia brasileira continua aquecida e que existem incertezas internacionais provocadas pela política comercial norte-americana.
Arrocho do Banco Central
Segundo a Central dos Trabalhadores (CUT) toda vez que os juros aumentam ficam mais difíceis as contratações de empréstimos e financiamentos para que as empresas possam expandir seus negócios e, desta forma, impede a geração de empregos. Sem trabalho e renda não há consumo, forçando os preços para baixo. Ou seja, o neoliberalismo econômico coloca mais uma vez nas costas do trabalhador a conta do “ajuste”.
No ano passado a economia brasileira cresceu 3,4%. Foi o quarto ano seguido de crescimento, sendo a maior expansão desde 2021 quando o PIB alcançou 4,8%, e é esse crescimento que o mercado financeiro quer evitar.
Selic alta, prejuízo ao país
A alta taxa de juros básicas, a Selic, além de provocar recesso na economia, eleva a dívida do país, obrigando o governo federal a desembolsar bilhões para pagar seus empréstimos e financiamentos. Dinheiro que poderia ser investido em diversas áreas para o bem-estar da população. Desde que o Banco Central se tornou independente, em fevereiro de 2021, com Jair Bolsonaro (PL), que a taxa de juros do país passou a ser utilizada como forma de pressionar o governo federal a manter suas contas dentro do arcabouço fiscal, impedindo investimentos e o crescimento de benefícios sociais.
Se por um lado o BC diz que os juros seguram a inflação, impedindo o consumo da população, por outro lado, o governo federal se endivida mais. O último reajuste da Selic de 1,0%, fez aumentar a dívida pública em torno de R$ 50 bilhões. Em março deste ano, a Selic subiu de 13,25% para 14,25%, o que foi criticado em nota pela CUT.